A investigação da Polícia Civil de Salinas (MG) identificou que o vigilante Lucas Alves Cascique furtava as armas do Fórum da cidade e as repassava somente para um homem, que já traficava esse tipo de material na região. Com a morte dele, em 2013, José Sales de Lima, seu sobrinho, assumiu o "negócio". Além dos dois, foram presos Wilson de Souza Carvalho e Farley Ferreira de Almeida, apontados como compradores.
O esquema criminoso começou há cerca de dois anos e foi descoberto porque as embalagens onde as armas eram guardadas tiveram o lacre rompido, e também porque algumas não eram localizadas, quando requisitadas pelo Tribunal do Júri.
"Fomos informados que cerca de 90 armas haviam sido subtraídas do Poder Judiciário local, a partir daí começamos as investigações com diligências e oitivas. Identificamos alguns suspeitos e, com auxilio da Polícia Científica e do Departamento de Identificação, começamos a proceder as oitivas. Uma dessas pessoas, que tinha maior acesso ao local [onde as armas ficavam armazenadas] acabou confessando e chegamos aos outros envolvidos" explica o delegado José Eduardo dos Santos.
As 90 armas ficavam guardadas no Fórum da cidade, após serem apreendidas pela polícia. Os receptadores as adquiriam para várias finalidades. "Alguns as compravam para praticar crimes, outros para caçar ou, eventualmente, para ter uma arma", fala.
A Polícia Civil trabalha agora para tentar localizar as armas. José Eduardo explica que a recuperação delas é difícil, já que podem ter sido levadas para qualquer lugar. Além disso, se a numeração for raspada, a identificação se torna impossível. Nesse caso, o delegado destaca que o porte de uma arma sem número também configura crime. Durante a investigação, a PC descobriu que armas furtadas já foram utilizadas novamente em outros crimes, e estão armazenadas em outros fóruns.
Posicionamento do Judiciário
O G1 esteve com a juíza Aline Stoianov, que acompanhou a investigação. Ela disse que assim que a suspeita de furto foi levantada, a Polícia Civil e a Corregedoria do Tribunal de Justiça foram acionadas. A magistrada destacou também que houve reforço da segurança do local onde as armas ficam.
Punição
Os quatro envolvidos serão levados para o presídio de Pedra Azul (MG). O vigilante Lucas Alves pode responder por peculato, crime que prevê de dois e 12 anos de prisão, e a pena pode ter acréscimo de mais dois terços, já que para a Justiça cada arma representa um crime. Os outros três envolvidos podem responder por receptação qualificada, com reclusão de até oito anos. Em nenhum dos casos está previsto o pagamento de fiança.
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