Uma adolescente de 16 anos procurou a Delegacia de Mulheres nesta quinta-feira (7) afirmando ser também vítima do dermatologista preso na tarde dessa quarta-feira (6), suspeito de estupro em Montes Claros (MG). Ela afirmou que fazia um tratamento com o médico Linton Wallis Figueiredo Souza desde junho de 2015, para retirar vários nódulos da virília, seios e axila.
Ela afimou ainda que nunca tinha desconfiado do médico, principalmente devido ao fato dele se mostrar bastante profissional. "Ele era muito gentil e educado. Aqui em Montes Claros foi o único que descobriu o meu problema e iniciou o tratamento".
A garota estava acompanhada da mãe e não quis se identificar. Segundo a paciente, durante um procedimento para cauterização, o dermatologista chegou a receitar sete comprimidos. “Sempre que eu tinha que fazer este procedimento ele me dava esta medicação”, explica.
O último procedimento da paciente com o médico foi há cerca de um mês e os sintomas foram idênticos aos anteriores, mas acompanhado de dores. "No dia seguinte eu acordei com dores na região genital e com lembrança de que tinha um homem tentando me agarrar. Eu achava que era um sonho, pois em relação às dores ele falava que seria normal ficar dolorido por causa do tratamento”.
De acordo com a delegada Karine Costa Maia, pelo menos seis pacientes já procuraram a delegacia afirmando terem sido vítimas do dermatologista. “Os depoimentos que já ouvimos batem. Todas afirmam que ele pedia para que elas ficassem sem roupa, para que ele pudesse examinar”.
A prisão preventiva do médico foi decretada por 30 dias baseada em laudos da investigação e depoimento de duas supostas vítimas. A delegada espera que outras vítimas possam denunciar os ataques do médico. “A investigação começou após a denúncia de duas vítimas, que eram virgens. Laudos mostraram que houve rompimento de hímem”.
“Em 14 anos trabalhando com violência doméstica e estupros, este é um caso realmente diferente. A gente procura um médico acreditando no trabalho dele e na credibilidade que ele tem. Agora ele se aproveitar disso é realmente chocante”, diz a delegada.
Os advogados que defendem o dermatologista Linton Wallis Figueiredo Souza informaram que não vão se pronunciar sobre o caso.
Medicação
A polícia apreendeu na clínica do dermatologista caixas da medicação que ele dava às pacientes durante os procedimentos. O medicamento de tarja preta, segundo informações do site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, é indicado para tratamento de curta duração de insônia e ainda para sedação que antecede procedimentos cirúrgicos ou diagnósticos.
A bula do fabricante indica que o paciente deve ingerir de “um a dois comprimidos de 7,5 miligramas (ou um comprimido revestido de 15 mg)”.
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