segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Ala majoritária do PT quer unir a esquerda e combater a corrupção Sentimento entre líderes é de mudança de postura

domingo 11 de janeiro de 2015 - 8:17 PM
Estadão Conteúdo / portal@d24am.com
Gilberto Carvalho pôs o dedo na ferida ao chamar atenção do PT sobre a divisão política do partido
Foto: Marcello Casal Jr./ABr
Manaus - Desde a vitória apertada no segundo turno da eleição, tem crescido no PT um discurso da necessidade de mudança. Seja pela pressão interna de correntes mais à esquerda ou como reação ao sentimento antipetista crescente em setores da sociedade, a chapa ‘Partido que Muda o Brasil’, que reúne alas que detêm 70% da direção da legenda, admite um discurso de reformulação interna e endurecimento no combate à corrupção. A tentativa é de unir o PT novamente a grupos historicamente aliados, como movimentos sociais, que se distanciaram nos últimos 12 anos.
A autocrítica que se tornou relativamente comum entre os petistas após a eleição era recebida com hostilidade há pouco tempo. Em junho, quando o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que não era só a elite branca que xingava Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo, a própria presidente e muita gente da situação do PT reagiu negativamente. 
Na ocasião, foi na Mensagem ao partido, chapa de oposição interna e mais à esquerda, que Carvalho encontrou compreensão. “Não podemos lutar contra a realidade. Gilberto foi capaz de fazer a leitura de um sentimento”, disse, na época, o deputado Paulo Teixeira, representante da Mensagem e segundo candidato mais votado nas eleições internas do partido. “Temos que conversar e fazer a nossa narrativa de combate à corrupção”.
Carvalho talvez tenha sido o primeiro representante da ala majoritária, hoje representada na chapa ‘Partido que Muda o Brasil’, a adotar um tom crítico em público. Antes dele, segundo um membro da Mensagem, setores do partido viam como “udenista” esse tipo de crítica. 
No último encontro da ala PMB, nos dias 12 e 13 de dezembro, em São Paulo, foi o tom de reformulação que prevaleceu. “Revitalizar, repensar, refazer, revigorar. Nunca refundar”, comentou o presidente do partido, Rui Falcão. “Há quanto tempo somos uma grande máquina para ganhar eleições?”, criticou o vice-presidente nacional José Guimarães, também da PMB. “Ninguém ganha de nós, mas precisamos ser uma grande máquina nas formulações estratégicas para o País”.
Membros da Mensagem veem com bons olhos a aproximação da ala majoritária, mas ressaltam que o diagnóstico que os dirigentes petistas fazem agora já é feito pela esquerda dentro do partido há dez anos.
Em encontro em Fortaleza no final de novembro, a Executiva Nacional aprovou uma resolução que prevê a expulsão de envolvidos em corrupção. A adoção da medida, proposta por integrantes da Mensagem, foi considerada uma vitória da corrente.

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