segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Manaus - Novo secretário, Sérgio Fontes afirma que atuará contra a corrupção policial - Fontes indica que será mais atuante nas aplicações das penalidades aos policiais que cometerem irregularidades

domingo 18 de janeiro de 2015 - 10:00 AM
Gisele Rodrigues / portal@d24am.com
Delegado da PF Sérgio Fontes assume a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas prometendo combater a corrupção nas polícias.
Foto: Sandro Pereira
Manaus - O delegado da Polícia Federal (PF) Sérgio Fontes largou a recente promoção, que o colocou como diretor de Gestão de Pessoal da PF em Brasília, para assumir o cargo de secretário de Segurança Pública do Estado do Amazonas, antes ocupado por um coronel da Polícia Militar.
Na entrevista concedida ao PortalD24AM, o delegado indica que será mais atuante nas aplicações das penalidades aos policiais corruptos e afirma ainda que a experiência adquirida na PF o diferencia da formação dos policiais civis e militares pela ênfase em direitos humanos. Segundo ele, o policial que não estiver preparado para isso não deve buscar a profissão.
Na sua avaliação, que contribuições a experiência de ter atuado na PF deve dar para o cargo de secretário de Segurança Pública?
Conheço bem a realidade deste Estado, sua geografia e sua gente, assim como o sistema de segurança pública do Amazonas. Ademais, sempre procurei aprender o máximo possível sobre os problemas e soluções propostas para a segurança pública, tendo a vivência do policial que atuou a maior parte da carreira em campo. A PF me deu a oportunidade de estudar e  aprimorar meus conhecimentos na área operacional,  administrativa e de formação e  capacitação.
Qual o diferencial que a formação na Polícia Federal pode ter, principalmente se comparado a formação da Civil e da Militar?
Acredito que a ênfase nos diretos humanos deve ser a matriz principal dessa formação, já que a missão primordial do policial é proteger e servir. Quem não estiver preparado para isso não deve buscar essa profissão. Ademais, a formação se diferencia, inclusive, pela missão constitucional que cabe a cada polícia. Nesse aspecto, a formação e o aperfeiçoamento profissional serão uma das prioridades na minha gestão.
Segundo o Mapa da Violência 2014, em uma década, o número de homicídios entre os jovens do Amazonas cresceu 164,2%. Tendo atuado na Delegacia de Repressão a Entorpecentes, o senhor acredita que esse crime seja o pilar dessas mortes? Que tipo de estratégia a SSP deve assumir para diminuir a criminalidade nestes dois âmbitos?
Sim, acredito que, infelizmente, a maioria das mortes violentas do Estado está ligada, direta ou indiretamente, ao tráfico de drogas. A estratégia é ampla e complexa, mas  a capacitação e especialização dos policiais envolvidos, o mapeamento das áreas, horários e situações de risco e ações sociais que visem ampliar as oportunidades oferecidas à população, principalmente a mais jovem, seriam um excelente caminho.
Como o senhor pretende combater a corrupção e os desvios de conduta dentro das polícias? Existe alguma proposta concreta nesse quesito?
Vamos reformular a Corregedoria Geral, tornando-a mais eficiente  e ágil na aplicação das penalidades àqueles policiais que não honram a profissão. Assim como na sociedade em geral, a impunidade fomenta novas condutas ilícitas e, portanto, deve ser combatida, diuturnamente. Policiais e demais subordinadas à SSP/AM serão cobrados e fiscalizados pela Corregedoria Geral a cumprir sua função, podendo vir a ser responsabilizados em caso de desvios que resultaram de falha na atividade de supervisão.
Na sua opinião, o que precisa mudar no programa Ronda no Bairro? Na sua avaliação, ele é um programa eficaz contra a criminalidade?
Como programa de combate à criminalidade, ele precisa ser complementado por outros, inclusive da caráter social, bem como tem de ser constantemente avaliado e atualizado. Acredito que uma das melhorias que devem ser implementadas imediatamente é a diminuição do tempo de resposta para as ocorrências e o estabelecimento de um programa de capacitação contínua dos policiais envolvidos no projeto.
O senhor e o governador José Melo já tiveram conversas sobre investimentos necessários na pasta? Quais áreas serão prioritárias para o recebimento de tal investimento, tendo em vista que anuncia-se em ano de recessão econômica?
Os investimentos em projetos como o Ronda dos Bairros, que incrementam o policiamento ostensivo, terão sequência e se somarão a outros com foco na repressão qualificada de crimes contra a vida e tráfico de drogas, cujos índices impactam diretamente na sensação de segurança da população. Também haverá investimentos no aprimoramento da capacidade de investigação da Polícia Judiciária, notadamente na polícia técnico-cientifica.
Sobre a proposta de unificação das polícias Militar e Civil, o senhor acredita que desmilitarizar seria uma boa alternativa para a segurança pública no Estado?
Em tese, sou a favor de mitigar o militarismo na PM sem abrir mão dos princípios basilares da hierarquia e da disciplina, fundamentais para a gestão de uma tropa armada, seja civil ou militar. Não vejo como comandar de maneira eficiente e eficaz um efetivo de milhares de policiais uniformizados e armados sem o emprego de mecanismos inerentes às instituições militares, o que não quer dizer que as PMs precisem reproduzir integralmente o modelo das nossas Forças Armadas, até porque os fins dessas respeitáveis e tradicionais instituições são completamente diferentes.

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