22 JANEIRO 2015
Uma das grandes certezas que o sistema incutiu na minha cabeça ao longo da vida era a de que, fosse como fosse, o Brasil era uma potência energética de grandeza incomparável no tabuleiro das nações. Gigante pela própria natureza, não teríamos nada a temer nesse particular. Minhas desconfianças começaram a surgir depois que descobri que, na ponta, os consumidores finais pagávamos pelo produto energia elétrica um dos custos mais caros entre os países com alguma importância na cena econômica global – resultado de uma carga tributária insana e de outros males que do Brasil são.
Ao tempo da Ditadura Militar, o país que ia para a frente protagonizou a construção de Itaipu Binacional, uma espécie de joint-venture entre Brasil e Paraguai, iniciada em 1973 e inaugurada pelo então presidente João Figueiredo, pelo lado brasileiro, em 1982. Os militares ainda se enfronharam na geração de energia nuclear, por meio de um tratado de colaboração com os alemães. A grande crítica à época, além dos riscos inerentes à aventura nuclear em solo tupiniquim, era a absoluta independência do país no campo da energia. O Brasil não tinha motivos para torrar bilhões nas usinas instaladas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Pois bem. O mundo gira e a Lusitana roda e eis que minhas retinas já meio gastas se deparam com a surpreendente notícia de que, um dia após terem sido registrados apagões em diversas áreas de 11 estados e do Distrito Federal, o Brasil recorreu à importação de energia da Argentina para garantir plenamente o consumo do país. Importação residual, por enquanto, mas sempre um fato capaz de acabar com a autoestima dos brasileiros ante a dolorosa descoberta de que perdemos outra das nossas decantadas autossuficiência. A última delas sobre petróleo abundante a jorrar da profundezas do mar sem fim. Alguma coisa parece andar mesmo fora da ordem, como já alertara Caetano Veloso em profecia musical.
Pois bem. O mundo gira e a Lusitana roda e eis que minhas retinas já meio gastas se deparam com a surpreendente notícia de que, um dia após terem sido registrados apagões em diversas áreas de 11 estados e do Distrito Federal, o Brasil recorreu à importação de energia da Argentina para garantir plenamente o consumo do país. Importação residual, por enquanto, mas sempre um fato capaz de acabar com a autoestima dos brasileiros ante a dolorosa descoberta de que perdemos outra das nossas decantadas autossuficiência. A última delas sobre petróleo abundante a jorrar da profundezas do mar sem fim. Alguma coisa parece andar mesmo fora da ordem, como já alertara Caetano Veloso em profecia musical.
O Brasil recorrer ao “intercâmbio internacional da Argentina” para não jogar o governo em mais um grande vexame é algo que não esperei vivenciar nessa minha passagem por este Vale de Lágrimas. De nada serve para refrescar minha estupefação a fala dos porta-vozes do governo de Dona Presidenta: o motivo do susto desta semana seria o uso mais intenso de aparelhos de ar-condicionado.
O ponto a que chegamos é o país consome mais energia do que tem capacidade de gerar. Isso numa quadra infeliz da nossa História em que o Brasil cresce quase nada, ou nada mesmo, a se acreditar nas previsões catastrofistas para o ano de 2015. Não demora e alguém entre os iluminados da nova ordem ainda vem a público dizer que a crise energética precisa mesmo ser socializada. Tudo porque os brasileiros agora têm dinheiro de sobra para comprar ventiladores e aparelhos de ar-condicionado.
O buraco, como já se começa a perceber, é bem mais embaixo. Os governos brasileiros, não importa sua coloração ideológica ou partidária, cumprem – quando cumprem – apenas a obrigação corriqueira de fechar uma porta depois que os ladrões arrebentam a fechadura. Vide o caso do PSDB em São Paulo, que não conseguiu evitar a tragédia em curso com a falta d’água nas torneiras, mesmo após sucessivos mandatos no comando do Estado. De volta à crise da energia, o país parece ter feito pouco, mesmo após ter vivenciado o apagão no final do governo FHC, entre 2001 e 2002. A migração para as termoelétricas é herança daquele período, mas insuficiente como é possível constatar.
O ponto a que chegamos é o país consome mais energia do que tem capacidade de gerar. Isso numa quadra infeliz da nossa História em que o Brasil cresce quase nada, ou nada mesmo, a se acreditar nas previsões catastrofistas para o ano de 2015. Não demora e alguém entre os iluminados da nova ordem ainda vem a público dizer que a crise energética precisa mesmo ser socializada. Tudo porque os brasileiros agora têm dinheiro de sobra para comprar ventiladores e aparelhos de ar-condicionado.
O buraco, como já se começa a perceber, é bem mais embaixo. Os governos brasileiros, não importa sua coloração ideológica ou partidária, cumprem – quando cumprem – apenas a obrigação corriqueira de fechar uma porta depois que os ladrões arrebentam a fechadura. Vide o caso do PSDB em São Paulo, que não conseguiu evitar a tragédia em curso com a falta d’água nas torneiras, mesmo após sucessivos mandatos no comando do Estado. De volta à crise da energia, o país parece ter feito pouco, mesmo após ter vivenciado o apagão no final do governo FHC, entre 2001 e 2002. A migração para as termoelétricas é herança daquele período, mas insuficiente como é possível constatar.
Rezar e ganir pra lua...
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