quinta-feira, 3 de abril de 2014

ITACARAMBI: RAMON NEGA CRISE NA SAÚDE - Segundo prefeito, maternidade premiada com Selo Unicef não foi fechada ### Oposição vai ao Ministério Público em Montes Claros com denúncias de má gestão no Hospital Municipal


Placa comemorativa pela conquista do Selo Unicef em mandatos anteriores: a premiação vai se repetir?
CONTEÚDO EXCLUSIVO
Depois do rebuliço em São João da Ponte, Itacarambi pode ser o próximo município a voltar ao noticiário das crises políticas em curto prazo. Isso depois da avalanche de escândalos que levou o ex-prefeito Rudimar Barbosa (1999/2012) do exercício do cargo direto para uma cela do Presídio Regional de Montes Claros, sob a acusação de improbidade administrativa. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, pode alegar, com certa razão, a atual administração. Mas vamos aos fatos. 

Os vereadores oposicionistas Juvenal de Seixas Ferro (PDT) e Alberto Lopes dos Santos, o Bertão da Telemar (PMDB), levaram ao Ministério Público de Defesa do Patrimônio Público, em Montes Claros, uma série de denúncias sobre o que alegam ser desmandos da gestão do atual prefeito do município, Ramon Campos (PDT), na área da saúde. A dupla esteve reunida, na semana passada, com o promotor Paulo Márcio da Silva, quando anteciparam o teor das denúncias. Para mostrar que não estão para brincadeira, os vereadores contrataram, do próprio bolso, os serviços de consultoria do cada vez mais midiático advogado Fábio Oliva, para assessorá-los no encaminhamento das denúncias. 

Juvenal da Cemig, não custa lembrar, vai se tornando notório por romper com os prefeitos que ajuda a eleger. Segundo mais votado na coligação que levou Ramon Campos ao poder, o vereador contou ao Em Tempo Real que migrou para a oposição após Ramon ter rasgado todas as promessas de campanha. “A saúde em Itacarambi está em estado terminal”, acusa Juvenal, que é um poço de mágoas em relação ao ex-aliado. 

Para Juvenal, a administração bate cabeça sobre o fechamento da maternidade do Hospital Municipal Gerson Dias, premiado com o Selo Unicef como hospital amigo da criança em avaliações consecutivas desde o ano de 2005. O vereador diz que Ramon faz ‘economia burra’ ao se recusar a contratar médico obstetra e anestesista para permanecer em regime de plantão no Hospital Municipal. “Essa maternidade funciona há vários anos e só agora começaram a surgir problemas”, acusa o vereador. 

O site encaminhou pedido de informação sobre o fechamento da maternidade para a assessoria de comunicação da Prefeitura de Itacarambi há um mês. A advogada e assessora do prefeito Jussara Ribeiro, e eventual assessoria de imprensa, ignorou o pedido. Em entrevista para o site, por telefone, há duas semanas, o prefeito Ramon Campos negou a suspensão dos trabalhos na maternidade, mas disse que o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Gerson Dias inviabiliza a realização de procedimentos de maior complexidade na unidade – inclusive para atendimento às parturientes. 

Segundo o prefeito, os casos mais complicados são encaminhados para a maternidade do hospital da Januária, por meio de convênio de assistência para atendimentos de média complexidade. Muito prestativo, Ramon indicou a secretária de Saúde do município, Priscila Fazani, como pessoa apta a prestar todos os esclarecimentos que fossem necessários.
Imagens: Vailton Ferreira
A secretária de Saúde, Priscila Fazani, e o prefeito Ramon: não há crise, erros do governo anterior que demandam tempo
Os adversários do prefeito, no entanto, afirmam que a situação da saúde pública em Itacarambi piorou muito durante os 15 meses da gestão de Ramon Campos. Segundo o neo-oposicionista Juvenal da Cemig, há denúncias de mortes de recém-nascidos na unidade. Um desses casos motivou a abertura de inquérito pela Polícia Civil, após denúncia do casal Antônio Barbosa da Silva e Evanice Pereira da Silva, que perderam o bebê supostamente por complicações durante o atendimento de um médico já demitido pelo Hospital de Itacarambi. O parto teria evoluído de normal para cesariana, mas deixou sequelas na criança, que morreu depois de ser transferida para a UTI neonatal de um hospital em Montes Claros. Segundo Juvenal, a família vê indícios de imperícia médica no caso, porque não houve registro de problemas durante o pré-natal da gestante. 
Outro caso relatado ao Ministério Público pelo vereadorBertão da Telemar mostrar o que seria negligência em atendimento do Hospital Municipal Gerson Dias. O agricultor Paulo Nunes Sobrinho teve uma cirurgia de vasectomia suspensa, mesmo após a incisão, por falta de instrumento cirúrgico. Liberado pelo serviço médico, o rapaz retornou dias depois com quadro de infecção e enrijecimento de uma das pernas, quando teria sido novamente submetido a nova cirurgia para concluir o procedimento. Após buscar atendimento em Montes Claros, ele passa por lento processo de recuperação.
A munição de Juvenal e Bertão contra ao prefeito Ramon inclui ainda provas de que estagiários do curso de medicina da Faculdade Pitágoras, de Montes Claros teriam preenchido prescrição de receitas em formulários previamente carimbados e assinados por médicos do município. A prática é negada com veemência pela Secretária de Saúde do Município. 

Outra denúncia que será encaminhada ao Ministério Público diz respeito a projeto de lei encaminhado por Ramon para a Câmara Municipal com pedido de autorização legislativa para aumento de dotação orçamentaria, retroativa ao ano de 2013. O dinheiro seria utilizado no pagamento dos médicos contratados pelo município, mas, segundo os vereadores, muitos deles sequer tinham contrato de trabalho assinado – além de que alegam diferenças salariais para maior entre o que efetivamente receberam e os valores alegados pelo prefeito na mensagem encaminhada à Câmara Municipal. 

Segundo Fábio Oliva, há ainda suspeitas de contratação de correligionários sem concurso público, inclusive o Cabo Milton, que atuou como ‘parteiro’ na maternidade sem vínculo contratual com o município. A Prefeitura de Itacarambi, por sinal, abriu concurso público para provimento de cargos que inclui 45 vagas para a área da saúde. Para o vereador Juvenal, os salários de R$ 8 mil para os médicos e R$ 1,3 mil para enfermeiro-plantonistas estão fora da realidade do mercado e que as vagas não serão preenchidas. “O prefeito jogou os salários lá embaixo para continuar a contratar do jeito que achar melhor”, insinua Juvenal da Cemig. 

Outro lado: ‘Você não vai ver o meu nome ligado à corrupção’, diz prefeito

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