quarta-feira, 9 de abril de 2014

Presos com 450 kg de cocaína em helicóptero da família Perrella serão soltos - Piloto, copiloto e dois carregadores foram presos em novembro de 2013, no Espírito Santo


Os quatro envolvidos no caso do helicóptero da família Perrella que foi flagrado com quase meia tonelada de cocaína no Espírito Santo, podem ser soltos a qualquer momento. O piloto da aeronave, Rogério Almeida Antunes, o copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior e dois carregadores, Robson Ferreira Dias e Everaldo Lopes de Souza, tiveram alvará de soltura expedido pela Justiça na última segunda-feira (7). De acordo com o advogado de Antunes, Paulo Rocha, o Ministério Público Federal ainda pode recorrer da decisão.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal do Espírito Santo, o juiz Marcus Vinícius Costa deliberou sobre o assunto durante audiência de instrução realizada ontem (7). Em sua decisão ele alegou que "fatos trazidos a estes autos na audiência passada merecem exame detalhado pelas defesas dos réus, assim como definição pela Procuradoria Geral da República acerca do órgão ministerial que deverá atuar nestes autos". O magistrado ressaltou ainda que os réus estão detidos há mais de quatro meses, ocorrendo um "excesso de prazo" e, desta forma, revogou a prisão preventiva.
Para o advogado, os fatores que levaram o juiz a determinar liberdade aos envolvidos são complexos. Rocha explica que novas informações relativas às investigações da Polícia Federal demonstraram que o processo deve levar mais tempo para ser resolvido. Diante disso, o defensor entrou com requerimento de relaxamento da prisão no último dia 4. Para ele, há indícios de irregularidade nas apurações.
— Ilegalidade essa que tem poder, se confirmada, de tornar nula a prisão em flagrante. Não tem o poder de anular no processo, ele vai continuar. Mas agora, eles [os envolvidos] têm a oportunidade de se defenderem em liberdade.
Para o advogado, as ações da Polícia Federal durante as apurações e monitoramento do caso precisam ser investigados. Ele acredita que a interceptação telefônica feita pela corporação possa ter sido ilegal e prejudicado o piloto. Rocha alega que "é possível que ele seja uma vítima e não mais um transportador de drogas". Segundo ele, a Polícia Federal tinha condições de abortar a operação antes mesmo de o helicóptero levantar voo e o nome de Antunes ser envolvido no esquema.
— Se a questão estava sendo monitorada há tanto tempo, estas pessoas poderiam ter sido presas no momento em que estavam recebendo essas drogas. A PF sabia que o Rogério vinha sendo insistentemente procurado todos os dias para ser convencido a fazer um frete sem tomar conhecimento do que estava transportando, embora estivesse tentando se esquivar.
O advogado apontou ainda que "a questão da existência ou não de interceptação telefônica, e se esta foi ilegal ou não, oficialmente, e inicialmente, realmente foi trazida aos autos pelo Ministério Público Federal, isto em dezembro de 2013".
No entanto, o delegado Leonardo Damasceno, responsável pelas investigações na época do inquérito, rebateu os argumentos do advogado do piloto.
— Primeiro: nós não comentamos decisão judicial. Segundo: o juiz tomou a decisão não foi a pedido da defesa. Esta alegação não existe [sobre ilegalidade nas investigações], não foi feita pela defesa. Nós não interceptamos ninguém, isso é falso e mentiroso.
Entenda o caso
O piloto da aeronave, Rogério Almeida Antunes e outras três pessoas foram presas pela Polícia Federal na cidade de Afonso Cláudio (ES) no dia 24 de novembro enquanto transferiam a droga para o porta-malas de um carro. Os entorpecentes estavam avaliados em R$ 10 milhões.
O helicóptero, do modelo Robinson R66, está registrado em nome da Limeira Agropecuária e Participações Ltda, que é controlada pelo deputado, com sede em Pará de Minas, região central do Estado.

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