terça-feira, 19 de agosto de 2014

Brasileiros colecionam diplomas de grandes universidades em MOOCs

Brasileiros colecionam diplomas em MOOCs

Seja por atualização ou por prazer, mais e mais pessoas buscam aprender por meio de aulas on-line de universidades famosas
É como passear por uma grande avenida com as lojas mais famosas do mundo. No lugar das roupas e das joias caras, aulas gratuitas. Grandes grifes como Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, a École Polytechnique, da França, e outros nomes da Europa colocam seus melhores elencos de professores em contato com uma classe virtual de milhares de alunos. Assim é o fenômeno dos MOOCs Glossário compartilhado de termos de inovação em educação (Cursos Online Abertos Massivos, na sigla em inglês), que atraem cada vez mais brasileiros em busca de certificados para uma atualização profissional e de meios para satisfazer o simples gosto por aprender algo novo.
Esse novo rumo do ensino só foi possível graças ao avanço da tecnologia em um mundo que é cada vez mais conectado e colaborativo. “Em todos os mercados nos quais a tecnologia entra, ela muda o poder do produtor para o consumidor”, diz Carlos Souza, CEO do Veduca, site brasileiro que oferece MOOCs de universidades nacionais e internacionais. “Por exemplo, isso aconteceu na indústria da música, quando há 15 anos o poder estava nas mãos das gravadoras. A tecnologia entrou, revolucionou o mercado, e hoje o poder está com o consumidor final, que pode ter uma música só, sem ter que ir a uma loja comprar CD. Isso acontece também na indústria do entretenimento, basta olhar para o grande exemplo da Netflix (serviço de TV por internet)”, explica.
Crédito: pogonici/Fotolia.comBrasileiros colecionam diplomas em MOOCs
 
Para todos os gostos
A facilidade de acesso a aulas online e aos MOOCs foi um dos motivos que atraíram a analista de planejamento e controle de produção Amanda Caniatto, 27, desde a época em que cursava Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “Fiz Engenharia de Produção, que é bem abrangente, e passei a procurar cursos de empreendedorismo. Agora, estou empregada e faço cursos mais por curiosidade, mas sempre busco algo que tenha a acrescentar à minha profissão”, explica. Amanda, que já possui mais de uma dezena de cursos listados em seu perfil na rede social LinkedIn, conta ter começado a apender on-line com material do SENAI e hoje se divide entre cursos mais técnicos, como os sobre Gestão, no site da Fundação Bradesco, as conferências TED, no Veduca, e os MOOCs do Coursera, um dos principais nomes internacionais. “No começo, eu penei um pouco, apesar de ter curso de inglês. É um vocabulário um pouco mais específico e até se adaptar a esse tipo de plataforma é mais difícil. Mas fiz uns dois cursos e comecei a usar sem problema”, diz.
A engenheira não está sozinha. No Brasil, mesmo sem falar português, o Coursera está perto de atingir a marca dos 300 mil estudantes, o que coloca o país como quinto no ranking global, atrás de Estados Unidos, Índia, China e do Reino Unido. “Muitas pessoas não falam inglês e, para elas, estamos produzindo conteúdo local, que deve ser lançado no começo do próximo ano”, diz Stéphanie Durand, executiva do Coursera.
Ainda assim, o Brasil tem um índice de obtenção de certificados verificados considerado alto pelo próprio site, 61%, bem perto dos 65% da média mundial. De acordo com Durand, os conteúdos de negócios, finanças e empreendedorismo lideram os acessos, mas o que diferencia os brasileiros dos demais é o alto número de interessados em música e filosofia.
Tal comportamento também está presente no rival nacional do Coursera, o Veduca, nascido em 2012. No início, o site contava com o formato de curso iniciado pelo MIT nos EUA, que consistia na exibição de aulas gravadas, sem maior interação com o usuário. Mais recentemente, o site começou a estabelecer parcerias com universidades brasileiras, e já no formato MOOCs com questionários e vídeos mais curtos concentrados em um tema específico. Houve uma explosão de acessos, que já chegaram à marca de 6 milhões, com 445 mil usuários registrados (o Veduca abre conteúdo a todos, sem necessidade de login).
Muitos desses seguem o exemplo do analista de sistemas Marcelo Augusto de Carvalho, 45 anos, analista de sistemas. Após concluir ensino técnico regular e começar a trabalhar por vários anos em multinacionais, viu que estava sem plano de carreira, e diz procurar nos MOOCs um meio de “aliviar a frustração” de não ter conseguido terminar um curso de graduação.
“Eu fiz o curso de marketing do Google, um outro do professor Clóvis de Barros, da USP, e outro de biotecnologia, do MIT”, diz Carvalho, que diz adorar informática, mas se interessa em muitas outras coisas. “Ah, desculpa, eu também me inscrevi num curso de Física Básica e estou quase terminando, mas fiquei com dúvida em um conceito e preciso verificar um material que indicaram”, diz ele pouco antes de terminar a conversa com oPorvir. “Tem que saber aproveitar porque abrem um universo que as pessoas nem imaginavam e digo ao meu filho que hoje a tecnologia facilita muito o estudo”.
Maior interação
Atualmente, sites como Coursera e Veduca já testam o envolvimento do usuário no meio das aulas e abrem fóruns para que estudantes possam discutir os temas das aulas, um espaço equivalente a uma praça pública virtual. Mas a aproximação entre instrutor e aluno e a personalização dos cursos tende a avançar num futuro próximo.
O brasileiro Veduca trabalha para oferecer turmas customizadas, que podem ser organizadas, por exemplo, para um determinado grupo de funcionários de uma empresa. “Os alunos vão ver toda a teoria, responder ao quiz e terão de trabalhar de forma colaborativa para elaborar um projeto final”, explica o executivo Carlos Souza.
O Coursera planeja traduzir toda sua plataforma para o Português e, para isso, já desenvolve uma parceria com a Fundação Lemann e conta com um exército de três mil voluntários em sua comunidade que se debruçam sobre os conteúdos do site, o que facilitará também a avaliação aluno-aluno já disponível em outras línguas.
Veja abaixo o ranking de cursos mais procurados por brasileiros 
Veduca:
  1. Capacitação em AdWords – Google – Isabel Furtado e Vince Vader
  2. Ciência Política – USP – Clóvis de Barros Filho
  3. Ética – USP – Clóvis de Barros Filho
  4. Gestão de Projetos – USP – Marly Monteiro de Carvalho e Daniel Capaldo Amaral
  5. Probabilidade & Estatística – USP – Melvin Cymbalista e André Leme Fleury
  6. Física Básica – USP -  Vanderlei Salvador Bagnato
  7. Energias Renováveis – ONUDI – Vários
  8. Eletromagnetismo – USP – Vanderlei Salvador Bagnato
  9. Aprendizagem e Utilização de Plataformas Digitais – UniSEB – Luís Cláudio Dallier Saldanha
  10. Bioenergética – UnB – Fernando Fortes de Valencia
* Dados do primeiro semestre de 2014
Coursera :
  1. Introdução a Finanças – University of Michigan (EUA) – Gautam Kaul
  2. Os Fundamentos da Estratégia de Negócios – University of Virginia – Michael J. Lenox
  3. Pense Melhor: Como Raciocinar e Argumentar –  Duke University (EUA) –  Walter Sinnott-Armstrong e Ram Neta
  4. Modelos de Pensamento  –  University of Michigan (EUA) –  Scott E. Page
  5. Desenvolvimento de Ideias Inovadoras para Novas Empresas: O Primeiro Passo para o Empreendedorismo –  University of Maryland, College Park (EUA) –  James V. Green
  6. Introdução ao Pensamento Matemático –  Stanford University (EUA) - Keith Devlin
  7. Criptografia I –  Stanford University (EUA)  –  Dan Boneh
  8. Teoria de Jogos –  Stanford University e The University of British Columbia (EUA)  – Matthew O. Jackson, Kevin Leyton-Brown e Yoav Shoham
  9. Um guia sobre Comportamento Irracional para Iniciantes –  Duke University (EUA) –  Dan Ariely -
  10. Aprendizagem Automática –  Stanford University (EUA) –  Andrew Ng

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