segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Montes Claros na mira dos milhares de diplomas falsos


A Secretaria de Estado de Educação e a Polícia Civil do Rio de Janeiro estão trabalhando em conjunto para desmantelar um esquema de expedição de diplomas falsos de Ensino Médio articulado pelo Instituto Latino de Ciência e Tecnologia, com sede no Bairro de Campo Grande. A fraude teria gerado uma arrecadação de pelo menos R$ 3,9 milhões e lesado até 65 mil pessoas em todo o País, inclusive em Montes Claros, conforme denúncia da coluna Informe do DIA publicada no último sábado.
O Instituto Latino de Ciência e Tecnologia tem sede na Rua Barcelos Domingos, em Campo Grande. Mas, desde 2012, não deveria funcionar - Segundo o Conselho Estadual de Educação, o Instituto Latino, mantido pelo Sistema Objetivo de Ensino, está envolvido em uma série de irregularidades. Ele foi credenciado para oferecer cursos em 2007, exclusivamente a partir de sua sede, em Campo Grande, mesmo sem aulas presenciais. Os alunos teriam que se matricular ali, pegar as apostilas e voltar nos dias de prova. Mas esta restrição não foi cumprida, e foram criados polos em São Paulo, Minas Gerais e Manaus.
Além disso, os diplomas teriam sido expedidos com assinaturas falsas de uma pessoa que nunca trabalhou na instituição. O Conselho Estadual de Educação informou que as primeiras denúncias contra o Instituto Latino foram feitas em abril de 2009 e que, desde 2012, a organização não teria mais autorização para funcionar. Ainda assim, nos dois últimos anos, 22.145 diplomas foram expedidos, mas a estimativa é que este número possa ter chegado a 65 mil, segundo o conselho. O órgão afirma que, a escola só teria capacidade para emitir 450 diplomas por semestre.
MONTES CLAROS
Sueli Oliva Santos, de 50 anos, moradora de Montes Claros, foi uma das vítimas. Ela conta que em 2012, foi a um escritório do instituto na cidade mineira que prometia o diploma do Ensino Médio sem a necessidade de aulas presenciais. “Me disseram que eu faria uma prova e eles iam corrigir e dar os documentos. Paguei R$ 600, mas nunca fiz a prova”, diz. O escritório em Montes Claros fechou e ela teve a certeza de ter sido enganada. Mas se surpreendeu quando seis meses depois recebeu seu certificado pelos Correios. “Achei estranho, porque eu não tinha feito as provas”. Sueli ficou com medo de usar o diploma para ingressar na faculdade de Odontologia. “Isso empacou minha carreira. Agora vou fazer o Enem para ver se consigo o certificado do Ensino Médio certinho”, diz a estudante.
O Sistema Objetivo de Ensino, informou que “a escola é autorizada para funcionar”. Diz que todas as unidades de educação à distância estão com documentação atrasada. Mas, segundo o grupo, a responsabilidade por isso é do próprio Conselho de Educação. Além disso, o grupo Objetivo diz que existem cinco institutos com o mesmo nome atuando no Rio de Janeiro.
“Nós só atuamos aqui no estado. Temos sede, salas de aula. Desconhecemos as denúncias de atuações em outros locais”. Segundo o grupo, “todas as escolas que oferecem educação a distância estariam sofrendo perseguição por parte do Conselho Estadual de Educação”. E que “as denúncias são uma tentativa de denegrir” a sua imagem.
QUEM É RUY? 
O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, também conhecido por Luiz Roberto, codinome que inventou quando deu o golpe no Banco do Brasil, o que faz dele o maior ladrão da história de Montes Claros, também é alvo dos diplomas falsos. A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) pediu ao Ministério Público Federal (MPF) que indicie Luiz Roberto e mais cinco pessoas acusadas em relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga denúncias contra universidades particulares do Rio, de lesar o fisco e de fornecer diplomas falsos. Muniz é controlador da Universidade Santa Úrsula (USU) naquele Estado e, segundo o relatório, faz parte da máfia das instituições de ensino superior particulares. A USU é investigadas por aumento abusivo de mensalidades, atraso nos salários dos professores e ainda por uma suposta venda de diplomas a estudantes que faziam cursos a distância. Leia AQUI

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