A menos de um mês para a obrigatoriedade do uso do extintor do tipo ABC em veículos, o G1 fez um levantamento em cinco revendedoras de Montes Claros, maior cidade do Norte de Minas, e constatou que as reclamações dos comerciantes são unânimes; o produto está em falta no mercado e o preço subiu mais que o dobro. Com isso, os consumidores também têm que pagar mais caro. Uma unidade que era vendida em média por R$ 60, agora é encontrada por até R$ 140.
A obrigatoriedade foi determina pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A decisão chegou a ser derrubada por uma liminar, porém, voltou a vigorar em 2009. O extintor passou a ser cobrado dos motoristas em 1º de janeiro de 2015, mas como o equipamento não estava sendo encontrado facilmente, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) decidiu ampliar a medida por 90 dias. O novo prazo estipulado é 1º de abril.
Antes da exigência, os veículos podiam ser equipados com extintores do tipo BC, recomendado para líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos. Além destes, o ABC também pode combater incêndios em madeira e tecido, materiais comuns em carros.
Elisabeth Sindeaux é diretora de uma empresa que revende extintores. Ela conta que tem uma lista de 450 clientes que estão esperando para comprar o produto.
“Todos os dias atendo a 50 ligações de pessoas que querem comprar o extintor e tenho que explicar o porquê de vender a R$ 120 atualmente, enquanto comercializava a R$ 55 no ano passado. Por causa da demanda, as fábricas aumentaram o preço e estão demorando para fazer as entregas, a prioridade é para as montadoras de veículos. Eu compro mais caro e tenho que vender mais caro, o Brasil não está preparado para essa regulamentação.” diz.
Elizabeth ainda diz que pediu duas mil unidades em dezembro e pagou adiantado. Como a entrega está sendo feita de forma fracionada, cerca de 50 por vez, ela acredita que todos os extintores sejam recebidos somente até novembro ou dezembro deste ano. Antes, os pedidos eram entregues no mesmo mês, e em até uma semana.
Édson Godinho, responsável por outra empresa, fala que está conseguindo adquirir apenas 10% do que comprava mensalmente. A fábrica de São Paulo disponibiliza de 40 a 60 unidades.
“Não temos como absorver todo o aumento de custo dos extintores e acabamos repassando uma parte para os clientes. Até tentamos nos programar para oferecer o produto, o que o representante traz, nós compramos, mas a disponibilidade depende de quem fabrica”, fala o gerente da empresa, que está no ramo há mais de 20 anos.
“Com a oferta escassa, alguns clientes oferecem até mesmo o pagamento adiantado, mas não podemos aceitar, porque não temos a possibilidade de oferecer um prazo ou até mesmo uma previsão”, afirma Maria do Socorro de Oliveira, gerente de outra revendedora. A loja fez um pedido há um ano e ainda não recebeu os extintores, a previsão é que a entrega seja feita em maio.
“Se tivéssemos, com certeza venderíamos mais de mil por semana. Mas não encontramos o produto para comprar, a demanda é muito grande, são muitos veículos, e a determinação é para todo o Brasil. Acredito que esse prazo deverá ser revogado. Em São Paulo, onde há três fábricas, não se acha o extintor”, diz.
Punição
Quem dirigir automóveis sem o extintor ABC esta sujeito a multa de R$ 127,69, mais cinco pontos na carteira e retenção do veículo até a regularização.
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