O coração é um dos órgãos mais valiosos, é a representação do nosso centro emocional, o companheiro anímico que mais temos que cuidar. Por isso não é saudável que o coração se feche, pois se o fizer, além de entrar o frio, só poderemos oferecer frio: se estamos sofrendo, é bom entender que temos um processo terapêutico no interior que, por não ser oferecido, prejudica os que estão ao nosso redor.
O processo de cura ocorre em si mesmo
Quando exploramos o exterior de uma maneira ou de outra, não fazemos isso devido ao que há no lado de fora, mas por aquilo que nasce de uma lesão que está no lado de dentro. Imagine que nós caímos, fazemos uma ferida e a deixamos sem tampar nem limpar, o que vai acontecer?
Em primeiro lugar ela pode se infectar, o que dará muito trabalho para solucionar. Em segundo lugar, também poderia ocorrer de alguém passar ao nosso lado e esbarrar em nós sem querer. Neste caso, isso iria doer e nós reagiríamos de forma negativa em relação a quem tocou em nós; no entanto, o problema não é a pessoa que esbarrou, mas sim que não curamos a nossa ferida no momento adequado.
O coração precisa aceitar a situação que incomoda e a maior parte do processo de cura está em entender quais saídas permitem superar o que faz sofrer: parar para refletir sobre esta situação que queremos deixar para trás é um ato individual que requer muito esforço e sacrifício da nossa parte. Se não nos esforçarmos o suficiente, poderá parecer que a situação passou, mas na realidade vai continuar estando ali e não vai nos deixar caminhar.
Ninguém quer nos ver assim
Por outro lado, como comentamos, além de si mesmo está a outra parte com a qual às vezes pagamos o sofrimento pessoal. Teoricamente, seria excelente para todos se cada um tivesse essa ideia em mente: se aqueles que estão comigo fazem isso porque me amam e são felizes em me ver bem, não é justo que elas paguem pela minha falta de paciência com eles ou que tentem mudar o que me incomoda.
Aproveitando o aniversário do querido escritor de O Pequeno Príncipe, buscamos uma premissa que ele deixou incorporada no seu trabalho: embora a reação mais primária de qualquer animal, incluindo o ser humano, seja a de criar um quartel de defesa após ter sido machucado por outra pessoa, nem todas as pessoas querem nos fazer mal nem têm culpa pelo que aconteceu conosco.
Evitando estabelecer relações novas ou bloqueando com muros o acesso mais íntimo dos que estavam mais próximos, por exemplo, não vamos conseguir nos curar, muito menos evitar que tudo o que aconteceu conosco se repita. Também não é útil negar a oferta de ajuda dos outros se a fazem de coração, nem ocultar o problema para acreditar que ele deixou de existir. Pergunte a si mesmo: é possível que isso esteja acontecendo com você?
Mime a si mesmo! Você merece isso
Se a sua resposta à pergunta anterior é indecisa ou afirmativa, você tem que se preparar para se mimar muito: apenas cuidando de si, dando outra oportunidade a si mesmo, ouvindo a si mesmo, valorizando e amando a si mesmo, você vai conseguir levar uma vida feliz e em harmonia com os outros.
Nós precisamos aprender a dizer “não” quando é necessário. Temos que ensinar o nosso coração a errar, a chegar ao fundo do poço e a sair dele, pois é nisso que consiste o equilíbrio emocional: em regular o lado bom e o mau das experiências que vêm até nós. Se nos importarmos com os outros, nós nos importaremos com nós mesmos.
Ferir porque alguém nos feriu é um mau comportamento que não resolve nada. Lembre-se de que um coração que não sabe o que fazer com sua dor e que ataca ao invés de buscar a cura só acaba se machucando ainda mais.
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