segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Violet Jessop, a valente mulher que sobreviveu a três naufrágios


Em um período de só cinco anos, Violet Jessop sobreviveu a três acidentes: o do Olympic, o do Titanic e o do Britannic. Uma história de superação de uma mulher que jamais perdeu a integridade nem a responsabilidade em seu trabalho. Quer conhecê-la?

A jovem que sempre venceu a morte

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Violet Jessop

Esta mulher é conhecida como “A garçonete do Titanic”. Violet Constance Jessop Vivanco nasceu na Argentina em 1887, mas seus pais eram irlandeses e por não terem prosperado muito nesse país, decidiram voltar para casa. Sendo somente uma criança sofreu de uma tuberculose que parecia fulminante e os médicos não lhe deram muito tempo de vida. Mas ela combateu a doença e a superou. Não aconteceu o mesmo com o seu pai, quem faleceu logo após chegar à Inglaterra e nem com sua mãe, quem ficou inválida deixando-a sozinha com a responsabilidade de cuidar de seus nove irmãos. Violet tinha que trabalhar e trabalhar duro, apesar de sua juventude, assim que com o passar dos anos e com alguma sorte e esforço, conseguiu entrar na prestigiosa companhia naval White Star Line.
Esta empresa é a que, em 1907, tinha como projeto pôr em marcha três titãs dos oceanos, três grandes transatlânticos que tinham como objetivo levar mais de 4.000 pessoas em cada trajeto da Europa para a América. E estes três grandes “monstros do oceano” seriam, por ordem de construção: o Olympic, o Titanic e o Gigantic (posteriormente batizado de Britannic). Certamente já ouviu falar deles e conhece a história de como acabaram pelo menos dois deles.
Violet Jessop começou a trabalhar primeiramente no Olympic. Ela era uma mulher obstinada que antes de tudo tinha que manter seus nove irmãos, sua mãe inválida e abrir seu caminho como pudesse, dadas as dificuldades para as mulheres na época.

Os três acidentes marítimos de Violet Jessop

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O primeiro acidente, de menor importância, aconteceu no dia 20 de setembro de 1911 a bordo do Olympic. Violet tinha trabalhado somente uns poucos meses como garçonete a bordo do navio, onde não ganhava um bom salário, mas lhe permitia sustentar a sua família, apesar de trabalhar quase 17 horas diárias.
Violet gostava do ambiente e de como era tratada. Mas, naquele 20 de setembro tudo se desmoronou à noite quando o Olympic bateu contra o navio da Royal Navy, HMS Hawke. Felizmente, não houve vítimas fatais, mas os dois navios ficaram destruídos. Um incidente que a aterrorizou tanto que até chegou a pensar em abandonar o seu emprego. Porém, Violet  recobrou forças, não desanimou e pensou mais uma vez em sua família e nela mesma. O medo não lhe servia para nada, não a sustentava e nem a beneficiava quando se olhava no espelho. O Olympic voltou a atravessar os oceanos, mas ofereceram para a Violet uma proposta mais interessante.
A White Star Line lhe propôs trabalhar no Titanic. Violet seria uma das 23 garçonetes e ganharia um salário melhor, além de presenciar um dos maiores acontecimentos da história. Esse formidável transatlântico iria desafiar o mundo e o oceano com seu esplendor, com sua grandeza e sua fortaleza. E mesmo tendo pensado em rejeitar a proposta, sua família a convenceu do contrário. A função dela era atender os camarotes de primeira classe. Trabalhava também 17 horas diárias e respondia a todas as demandas da alta sociedade a bordo do Titanic. Mas como você já sabe, na madrugada do dia 15 de Abril de 1912, tal grandeza desmoronou-se e bateu contra um iceberg. Violet teve tempo de descer até a terceira classe e avisar, em espanhol, a todos os passageiros de fala hispânica para se protegerem. Depois, foi encaminhada para os botes salva vidas junto a várias pessoas da primeira classe que devia atender. Daí sua sorte. Porém, ela também foi testemunha de todo aquele desastre, da perda de 1.523 vidas.
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Violet ficou sem reação alguma durante alguns meses, sem poder voltar a trabalhar. A experiência foi um autêntico drama, mas como tal, teve de assumir uma responsabilidade. E teve que voltar a recobrar forças de suas lágrimas, da dor experimentada. Não quis que o medo de navegar se convertesse em seu maior inimigo porque esse era seu modo de vida, e como tal, devia voltar a ele, devia voltar a esse mundo a bordo de outro navio.
Desta vez foi no terceiro dos gigantes da companhia White Star Line, o Britannic. Nesta ocasião, a Primeira Guerra Mundial havia começado e este navio tinha sido reconstruído como hospital e como meio de transporte para soldados feridos. Violet não era mais uma garçonete, mas sim uma enfermeira da Cruz Vermelha, uma jovem capaz de socorrer os feridos e de atender os doentes. Mas a fatalidade chegou novamente em sua vida. No dia 21 de novembro de 1916, justo quando o Britannic encontrava-se navegando no Mar Egeu, uma mina explodiu e em seu casco provocando danos terríveis, sem poder evitar o desastre…
Vinte e nove pessoas faleceram. O navio ficou perdido, porém deu tempo para a maioria da tripulação chegar aos botes salva vidas e se salvar, incluindo a valente Violet Jessop. Era a terceira vez, a terceira ocasião em que um dos titãs punha em risco a sua vida. E o que é que aconteceu depois? Muitos em seu lugar escolheriam outro emprego, outro sustento. Mas ela não, o mar era sua vida, seu sustento e seu modo de entender a realidade. Servindo e enfrentando os caprichos selvagens do oceano.
Violet Jessop aposentou-se em 1950 para depois trabalhar de fazendeira em sua pequena casa de campo, tornando-se a legendária mulher que sobreviveu aos três desastres marítimos mais conhecidos.

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