Chegaram nesta sexta-feira (26) no Hospital Universitário Clemente Faria, em Montes Claros (MG), os equipamentos médicos que, segundo a Receita Federal e o Ministério Público Federal, foram comprados por associações sem fins lucrativos com o objetivo de beneficiar o grupo empresarial do prefeito Ruy Muniz e da esposa dele, a deputada federal Raquel Muniz. Os bens, avaliados em R$ 9 milhões, vieram da Alemanha e foram apreendidos no Porto de Santos.
A assessoria de comunicação do HUCF, que é da Universidade Estadual de Montes Claros, informou por meio de nota que os equipamentos foram doados pela RFB e a unidade de saúde irá acondicioná-los, para que possam ser utilizados futuramente.
"A Unimontes destaca a importância dos equipamentos para a potencialização dos serviços prestados à comunidade local e regional pelo HUCF, unidade de saúde 100% SUS", diz a nota enviada pela assessoria.
Versões do caso
Durante uma coletiva de imprensa realizada em dezembro de 2015, o delegado da Receita Federal, Gilmar Silva, explicou que o pedido de compra dos equipamentos foi feito pela Amas Brasil, entidade que estaria livre de tributos por estar ligada à Administração Municipal. Ele explicou que para seja feita a importação, toda empresa precisa estar habilitada no Sistema de Comércio Exterior, e, para comprar os bens, foi feito um pedido em nome da Amas, no valor de U$ 150 mil. Posteriormente, um novo pedido foi feito, sem limitação de valor. Para levantar a quantia, a associação pegaria um empréstimo com a Soebras, que é a holding das empresas educacionais do prefeito e da deputada.
O que chamou a atenção da RFB é que os bens seriam destinados ao Hospital Mário Ribeiro, que pertence à Soebras, ou seja, em tese a holding faria um empréstimo para a Amas para a compra de equipamentos para benefício próprio.
Para a imprensa, o MPF e o RFB afirmaram que as diligências apontam que o presidente e o vice-presidente do Conselho Fiscal da Amas disseram ter assumido os cargos a pedido de Raquel Muniz, sem ter ciência da função que representavam. Eles tiveram os dados utilizados para dar poder ao filho dos dois agentes políticos, e a uma assessora da Soebras, para movimentarem todo o dinheiro da Amas nos Bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal.
No mesmo dia o prefeito convocou uma coletiva de imprensa e disse que a Polícia Federal, o MPF e a RFB montaram uma força-tarefa para persegui-lo.
“Tudo começou após a operação Desiderato; quando falei para o MPF e a PF que eles estavam sendo parciais. Os gestores dos hospitais não podiam ser inocentados; deviam ser investigados. A partir daí, passaram a me perseguir”, afirmou na época.
Ruy Muniz também disse que a apreensão foi resultado da falta de experiência da RFB
“Aqui estão acostumados a emitir CPF, trabalhar com Imposto de Renda. Eles têm pouca experiência com importação. Esta é uma das primeiras situações em que atuam”, destacou.
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