Atual gestão prometeu “acelerar” município, mas realidade mostra que Manga engatou marcha a ré e recua sem parar
'VISITE MANGA... ANTES QUE ACABE'
Ligado 25 Janeiro 2019.
Cena do interior: Praça Walter França, a mais antiga e principal da cidade, em situação muito parecida com aquela presenciada pela reportagem na quarta-feira 16, de total paradeiro no centro comercial. Lojas às moscas e economia paralisada
[ATUALIZAÇÃO]: Diferentemente do que registramos abaixo, a Prefeitura de Manga teria quitado, na semana passada à segunda parcela do escalonamento , relativo ao mês de outubro, que fez para os servidores da educação vinculados ao Fundeb.
O prefeito de Manga, Quinquinhas de Quinca de Otílio (PPS), ocupa o cargo pela terceira vez. Na imagem ao lado, do período de campanha, quando prometia "acelerar' o desenvolvimento local, ele aparece ao lado do seu vice Luiz Carlos Santana Caíres, o Luiz do Foguete (PRB), de quem já anda um tanto quanto distante, como o leitor verá mais adiante.
O atual prefeito chegou novmavente ao poder na garupa de campanha tumultuada, após conseguir que a Justiça Eleitoral lhe fosse madrinha ao fazer vista grossa para sua indiscutível inelegibilidade à disputa das eleições de 2016. A lei era cristalina: quem não prestou contas de uma campanha, não poderia participar do pleito subsequente. Mas a lei... ora as leis. Quem se preocupa com isso?
Os custos financeiros da empreitada explodiram durante a tramitação do processo e sua posterior subida até o Tribunal Superior Eleitoral. Pode está aí um indicador do porquê o atual mandatário em Manga ter evitado agora a medida sempre demagoga de reduzir o próprio salário e dos seus principais assessores, como já o fizera na crise de 2008 – de efeitos bem menos deletérios que esta atual.
DESALENTO
Mas esse nem chega a ser o maior dos problemas. O balanço de meio de mandato da administração 2017/2020 é desalentador. No plano político o prefeito somou, no período, duas condenações à perda do atual mandato em processos que a primeira instância entendeu existir a prática de improbidade administrativa (Justiça decreta perda de cargo do prefeito de Manga e Prefeito de Manga é novamente condenado com perda de cargo).
As sentenças, somadas, lhe retiram os direitos políticos por 14 anos. Se, obviamente, forem confirmadas em grau máximo de recursos e trânsito em julgado dos processos – o que tem baixa chance de acontecer, dado os padrões de morosidade da justiça brasileira.
Mas o problema existe e já manchou de forma indelével os cuidados ciosos com que o agente público no cargo tinha com a sua biografia. De resto, nem sempre é possível garantir que a Justiça vai mostrar sua face mais risonha o tempo todo... Sempre pode se dar o oposto, mesmo que o assunto esteja aos cuidados de operosos senhores, tidos e havidos como os fodões, os picas das galáxias em matéria jurisprudencial.
ACELEROU EM MARCHA À RÉ
Ao contrário das promessas de campanha, quando se prometia “acelerar” o desenvolvimento do município, a administração pariu um camundongo. O saldo é bastante negativo e, por fidelidade aos fatos, a gestão padece, como em outros municípios brasileiros (uns mais, outros menos), sob os efeitos da crise fiscal que assola os entes públicos no país. Feito o reparo, é preciso dizer que a crise já estava dada quando o atual prefeito decidiu disputar o cargo. Ademais, ele se vendeu em campanha como a quintessência da administração. Enfim, o ‘cara’.
Nada disso obviamente era verdade e tinha por base a passagem anterior do prefeito pelo cargo (2007/2012), quando o país chegou a crescer 7% ao ano e o dinheiro era farto. Numa palavra: gerir riquezas é fácil. O gestor se mostra de fato de que matéria é forjado é quando chegam as adversidades. A atual administração em Manga, infelizmente, não passou nesse teste.
MUITO PELO CONTRÁRIO
A sensação no município é de retorno no tempo. Manga acelerou, mas depois de engatar uma marcha-a-ré. Atrasos de salários, problemas canhestros de zeladoria, saúde na UTI e indicadores de que há reversão na melhoria dos índices da educação básica, além da total inexistência de obras compõem o cenário daquela que já é considerada a pior administração do município para uma primeira metade de mandato.
A situação é tão desalentadora que algumas pessoas começam a relembrar de um bordão que criei há coisa de um quarto de século, quando o município enfrentava dias igualmente de baixa estima e falta de perspectiva: - Visite Manga, antes que acabe!
PAROU NO TEMPO
É mais ou menos por aí. A população do município está estagnada há pelo menos três décadas, desde que seu território foi desmembrado para a criação de Jaíba, Matias Cardoso e Miravânia. O município perdeu 1,2 mil habitantes desde 2010, quando foi realizado o último recenseamento pelo IBGE.
Para o leitor uma ideia, o número de empregos com carteira assinada foi reduzido em 65 vagas no ano passado. Os dados foram divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) na quarta-feira (23). Vale dizer que o municipio mais perdeu vagas que criou, sinal de que sua economia continua a murchar - ao contrário do país, que gerou mais de meio milhão de vagas em igual período.
A cidade não para, claro, porque a iniciativa privada encontra meios para seguir em frente. Ainda assim, a vida de empresários e prestadores de serviço não é fácil quando a Prefeitura começa a atrasar salários dos seus servidores. Situação que se agrava com a crise no governo estadual, que ainda não pagou o décimo terceiro dos seus servidores.
DEU RUÍM...
A administração de Manga ainda deve metade do mês de outubro para o pessoal da educação e não sabe quando vai pagar o décimo terceiro e a folha de dezembro para essa mesma categoria. Os anúncios de pavimentação de ruas (bairros Arvoredo e Tamuá) ficaram só nas promessas vãs. A atual gestão ainda paralisou obras do mandato anterior, entre elas a expansão do mercado e a finalização do Parque Uirapuru e a urbanização da Avenida Airton Senna.
Se a primeira metade do mandato foi um desastre, o que vem por aí não chega a animar nem o mais apaixonado partidário do atual mandatário (e olha que esse público tem minguado).
A única obra que pode ser entregue ainda neste 2019 é a segunda unidade da creche do Programa Proinfância, que teve recursos liberados no distante ano de 2013 e começou a ser executada na gestão anterior do ex-prefeito Anastácio Guedes (PT).
PARA RESUMIR
O partido arqui-inimigo do atual grupo político no comando em Manga é quem vai salvar a atual administração do total desastre no quesito obras públicas. Tudo muito constrangedor.
A esperança do prefeito e seu entorno era o retorno do PSDB ao governo de Minas, mas a história é conhecida: Zema (Novo) atropelou o candidato petista, o de triste memória governador Fernando Pimentel, e depois despachou Antonio Anastasia e seu honorável padrinho Aécio Neves das cercanias do Palácio Tiradentes.
ALIADOS PULAM DO BARCO
Para piorar, a composição política que o prefeito de turno formou para se eleger vai se desintegrando pouco a pouco, com poucas chances de se repetir nas eleições do ano que vem. O vice-prefeito Luiz do Foguete já se afastou do aliado político de ocasião, desiludido com os rumos do governo e a falta de espaço na administração. Há coisa de um mês, o então secretário de Governo Henrique Fraga (PP) pediu exoneração do cargo, após um nebuloso episódio com uma apoiadora do prefeito (o site tentou ouvi-lo sobre o caso na ocasião, mas a resposta foi evasiva). Henrique era marinheiro de primeira hora na barca do prefeito e sua saída gerou grande mal-estar.
A secretária de Saúde Lucilene Almeida deixou o cargo no final do ano passado para cumprir licença maternidade, mas há rumores de que não retorna ao posto. E, com isso, o perfil da administração se desfaz à medida que as expectativas com o governo começam a encolher.
Noutra frente, o ex-líder do governo na Câmara Municipal vereador Evilásio Amaro (PPS) faz questão de mostrar seu distanciamento da rotina da administração ao adotar tom de independência em suas intervenções no plenário da Casa. Nesse quesito, por sinal, é baixa a lealdade dos dois vereadores que a administração ainda pode contar entre os nome parlamentares da Câmara. Ali, praticamente não se ouve uma voz em defesa do prefeito depois que seu governo desandou.
O NOVO SEMPRE VEM
Para resumir a ópera: o atual mandatário em Manga envelheceu rápido demais e não tem futuro político. Lida aos trancos e barrancos com o presente sofrível e sonha com glórias do passado, que já se desmancharam no ar. Ele ainda sonha com a reeleição, mas deve ser atropelado pelos fatos daqui até o ano que vem.
O clima político em Manga já está grávido do novo, a exemplo do que as eleições gerais do ano passado foram pródigas em mostrar e deram no que deu - para o bem e para o mal, segundo o juízo de cada leitor.
O fato é que o cavalo está selado para a sucessão local e com boa antecedência, como costuma acontecer quando os prefeitos decepcionam seus eleitores e suas presenças no cargo se tornam um ônus para a população. Quem perceber a oportunidade vai levar a melancia. Só não enxerga quem não quer ou tem interesses contrariados.
Nota do editor: Procurados, o prefeito e a assessora de comunicação da Prefeitura de Manga, Andreza Lima, não retornaram aos pedidos de comentários sobre os temas deste post.
luisclaudioguedes
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