sexta-feira, 3 de maio de 2013

A teca veio da Ásia mas cresce muito bem no Brasil. Seu plantio pode ser um rentável investimento de longo prazo


FICHA 

Dinheiro que nasce em árvore
A teca veio da Ásia mas cresce muito bem no Brasil. Seu plantio pode ser um rentável investimento de longo prazo 

Texto Gustavo Laredo
Fotos Ernesto de Souza


Para quem deseja ter uma boa aposentadoria e tem tempo para esperar, uma opção de investimento é a plantação de teca, uma árvore nativa das zonas úmidas do sudeste asiático. Os preços de sua valorizada madeira chegam a 3.640 dólares por metro cúbico. Para fazer esta 'poupança verde', porém, é preciso ter muita paciência.No Brasil, a árvore leva 25 anos para estar no ponto ideal de corte. O que é até pouco tempo, uma vez que nos países de origem ela alcança o mesmo estágio de desenvolvimento só depois de 80 a 100 anos.
O interessado na produção da teca deve também verificar com muito cuidado se as condições de solo e clima da região de plantio são adequadas. A árvore não suporta solos muito ácidos, como os do cerrado brasileiro. O ideal é que a terra tenha pH neutro ou ligeiramente ácido. Para um bom crescimento, a planta também precisa de um período seco de três a cinco meses por ano e de precipitações entre 900 a 2.500 milímetros. Baixas altitudes são prejudiciais e a árvore não suporta geada. Por isso, as plantações no Brasil estão concentradas no Mato Grosso, onde estima-se que a área de cultivo chegue a 40 mil hectares, e no Acre.
O tronco pode chegar a 2,3 metro de diâmetro medido a 1,30 de altura e da casca extrai-se o tanino. As placas da madeira têm alto valor no mercado internacional
Quem quer produzir precisa investir cerca de 1.500 reais por hectare. O retorno do investimento pode começar a partir do quinto ano, quando são feitos os primeiros desbastes. A madeira do primeiro corte é cotada em torno de 150 reais o metro cúbico no mercado. Ela serve para a confecção de cabos de vassoura, portas, esquadrias e móveis rústicos. Já a de árvores mais velhas é ideal para a fabricação de pranchas de convés de navios por ser pouco escorregadia e muito durável. É também utilizada na construção de postes, cercas e estacas. A casca é rica em tanino, substância usada no curtimento do couro.Um problema para o cultivo de teca no país está na falta de informações sobre a variabilidade genética das sementes disponíveis. Não se sabe se as sementes trazidas para o Mato Grosso tiveram origem em uma ou muitas árvores e a falta de diversidade genética pode ser um fator de risco para o bom desenvolvimento e a produtividade dos cultivos.
Foi nas terras do Mato Grosso, e recentemente, que começou a exploração comercial de teca no país. Embora a planta tenha sido trazida para o Brasil no início do século 19 pelos portugueses, somente em 1971 uma empresa começou a explorá-la. Pioneira no cultivo, a Cáceres Agroflorestal, no município do mesmo nome, começa a colher hoje, passados quase 32 anos, os lucros de uma espera paciente. Com uma produção de 6 mil metros cúbicos anuais em 1.400 hectares, a empresa já exporta toras para a Ásia. Segundo especialistas, em 25 anos a rentabilidade de cada hectare pode chegar a 50 mil dólares.


FICHA 

Características
Texto Gustavo Laredo
Fotos Ernesto de Souza



Em terra boa, alcança 50 metros de altura

Nome científico: Tectona grandis

Classificação:
 árvore pertencente à ordem Tubiflorae e à família Verbenaceae, a mesma do tarumã, uma importante árvore usada para restauração de matas ciliares.

Etimologia:
 a palavra teca deriva do grego tekton, que significa carpinteiro. O nome específico grandis é utilizado porque a arvore atinge grandes dimensões.

Descrição:
 a teca é uma árvore caducifólia, com altura variando entre 20 a 35 metros e 95 centímetros de diâmetro medido a 1,3 metro do solo. Em boas condições de terreno e clima, a planta pode chegar a 50 metros de altura e 2,4 metros de diâmetro na idade adulta. O tronco é reto e limpo, geralmente cilíndrico e bifurcado. A casca é grossa, de cor cinza ou pardo-grisácea, fibrosa e mole. Atinge até 15 milímetros de espessura e apresenta um argo. As folhas são grandes, com 30 a 60 centímetros de comprimento e 20 a 35 centímetros de largura, capazes de enriquecer o solo com materialorgânico. Na Índia, são muito utilizadas como forrageiras para elefantes. As flores são pequenas e brancas e os frutos são secos.
A polinização é feita, principalmente, pelas abelhas.

Fontes: Paulo Ernani Ramalho Carvalho, pesquisador da Embrapa Florestas; Luís Flávio Veit, engenheiro agrônomo da Cáceres Florestal S/A.

Bibliografia:
 'Espécies não tradicionais para a produção madeireira no Brasil', de Paulo Ernani Ramalho Carvalho, Embrapa Florestas.

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