Para quem deseja ter uma boa aposentadoria e tem tempo para esperar, uma opção de investimento é a plantação de teca, uma árvore nativa das zonas úmidas do sudeste asiático. Os preços de sua valorizada madeira chegam a 3.640 dólares por metro cúbico. Para fazer esta 'poupança verde', porém, é preciso ter muita paciência.No Brasil, a árvore leva 25 anos para estar no ponto ideal de corte. O que é até pouco tempo, uma vez que nos países de origem ela alcança o mesmo estágio de desenvolvimento só depois de 80 a 100 anos. O interessado na produção da teca deve também verificar com muito cuidado se as condições de solo e clima da região de plantio são adequadas. A árvore não suporta solos muito ácidos, como os do cerrado brasileiro. O ideal é que a terra tenha pH neutro ou ligeiramente ácido. Para um bom crescimento, a planta também precisa de um período seco de três a cinco meses por ano e de precipitações entre 900 a 2.500 milímetros. Baixas altitudes são prejudiciais e a árvore não suporta geada. Por isso, as plantações no Brasil estão concentradas no Mato Grosso, onde estima-se que a área de cultivo chegue a 40 mil hectares, e no Acre.
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O tronco pode chegar a 2,3 metro de diâmetro medido a 1,30 de altura e da casca extrai-se o tanino. As placas da madeira têm alto valor no mercado internacional |
Quem quer produzir precisa investir cerca de 1.500 reais por hectare. O retorno do investimento pode começar a partir do quinto ano, quando são feitos os primeiros desbastes. A madeira do primeiro corte é cotada em torno de 150 reais o metro cúbico no mercado. Ela serve para a confecção de cabos de vassoura, portas, esquadrias e móveis rústicos. Já a de árvores mais velhas é ideal para a fabricação de pranchas de convés de navios por ser pouco escorregadia e muito durável. É também utilizada na construção de postes, cercas e estacas. A casca é rica em tanino, substância usada no curtimento do couro.Um problema para o cultivo de teca no país está na falta de informações sobre a variabilidade genética das sementes disponíveis. Não se sabe se as sementes trazidas para o Mato Grosso tiveram origem em uma ou muitas árvores e a falta de diversidade genética pode ser um fator de risco para o bom desenvolvimento e a produtividade dos cultivos.
Foi nas terras do Mato Grosso, e recentemente, que começou a exploração comercial de teca no país. Embora a planta tenha sido trazida para o Brasil no início do século 19 pelos portugueses, somente em 1971 uma empresa começou a explorá-la. Pioneira no cultivo, a Cáceres Agroflorestal, no município do mesmo nome, começa a colher hoje, passados quase 32 anos, os lucros de uma espera paciente. Com uma produção de 6 mil metros cúbicos anuais em 1.400 hectares, a empresa já exporta toras para a Ásia. Segundo especialistas, em 25 anos a rentabilidade de cada hectare pode chegar a 50 mil dólares.
FICHA
Características Texto Gustavo Laredo Fotos Ernesto de Souza
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Em terra boa, alcança 50 metros de altura |
Nome científico: Tectona grandis
Classificação: árvore pertencente à ordem Tubiflorae e à família Verbenaceae, a mesma do tarumã, uma importante árvore usada para restauração de matas ciliares.
Etimologia: a palavra teca deriva do grego tekton, que significa carpinteiro. O nome específico grandis é utilizado porque a arvore atinge grandes dimensões.
Descrição: a teca é uma árvore caducifólia, com altura variando entre 20 a 35 metros e 95 centímetros de diâmetro medido a 1,3 metro do solo. Em boas condições de terreno e clima, a planta pode chegar a 50 metros de altura e 2,4 metros de diâmetro na idade adulta. O tronco é reto e limpo, geralmente cilíndrico e bifurcado. A casca é grossa, de cor cinza ou pardo-grisácea, fibrosa e mole. Atinge até 15 milímetros de espessura e apresenta um argo. As folhas são grandes, com 30 a 60 centímetros de comprimento e 20 a 35 centímetros de largura, capazes de enriquecer o solo com materialorgânico. Na Índia, são muito utilizadas como forrageiras para elefantes. As flores são pequenas e brancas e os frutos são secos. A polinização é feita, principalmente, pelas abelhas.
Fontes: Paulo Ernani Ramalho Carvalho, pesquisador da Embrapa Florestas; Luís Flávio Veit, engenheiro agrônomo da Cáceres Florestal S/A.
Bibliografia: 'Espécies não tradicionais para a produção madeireira no Brasil', de Paulo Ernani Ramalho Carvalho, Embrapa Florestas. |
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