segunda-feira, 13 de maio de 2013

O que é Loucura ?


Na Antiguidade a loucura era considerada como uma manifestação divina. O ataque epiléptico, intitulado a doença sagrada, significava maus presságios quando ocorria durante os comícios. Se uma pessoa sofresse um ataque epiléptico durante a explanação de um dos oradores, tal evento era interpretado como sendo uma intervenção divina, como um sinal de que não se deveria acreditar no que dizia o orador.
Coexistindo com essa visão, na Grécia antiga, Aristófanes acreditava que a doença mental pudesse ter características específicas e uma causa definida. Ele justificava o pensamento da época, que atribuía à doença mental uma manifestação divina, à peculiaridade da doença que causava assombro aos demais. Por pensar na doença mental como orgânica Aristófanes defendia uma intervenção a base de banhos, purgativos e de alimentação especial.
Ao longo da história, os loucos foram concebidos sob várias visões. Na idade média as cidades escorraçavam os loucos (os de origem estrangeira), deixando-os correrem pelos campos distantes, quando não eram confiados a grupos de mercadores e peregrinos. Havia barcos que levavam os insanos de uma cidade para outra, e como errantes eles vagavam de cidade em cidade. Freqüentemente as cidades da Europa viam essas naus de loucos atracar em seus portos.
Alguns loucos eram protegidos pelas suas famílias, outros eram acorrentados, outros exorcizados, outros queimados (bruxos).
No século XVIII começaram a aparecer espécies de asilos, que, também, abrigavam de forma sub-humana os loucos, nesses lugares os loucos continuavam vagando e falando incoerentemente. Os mais alterados eram imobilizados com lençóis úmidos. Podemos citar como exemplo dessas "casas de detenção" o Hotel Dieu de Paris e a Torre dos Loucos de Caen na França.
Mais recentemente, do ponto de vista orgânico, vários estudos apontam para causas bioquímicas das doenças mentais. Como exemplo desses estudos citamos a paralisia geral progressiva, que apresenta em sua fase terminal um quadro semelhante ao da esquizofrenia.
Na esquizofrenia o indivíduo apresenta alterações motoras, de humor e de contato com a realidade. Apresenta alucinações auditivas e delírios que se manifestam na forma de idéias falsas e improváveis que o indivíduo acredita como sendo verdadeiras e lógicas e não há como convencê-lo do contrário.
Dentre as possíveis causas da esquizofrenia, resultados de experiências apontam para o excesso de dopamina nas sinapses dopaminérgicas na área tegmental-A10. Esse excesso seria o resultado de um aumento de liberação de dopamina, de receptores supersensíveis e/ou de uma reabsorção lenta desse neurotransmissor pelas células nervosas no estriato ventral, que atua no tálamo fechando a entrada de informações para o córtex frontal (Graeff e Brandão, 1993).
A loucura é uma experiência social e psicológica. Dizemos que é uma experiência social, tendo em vista a maneira variada que os grupos sociais a concebem. O que nós caracterizamos como loucura pode não ser para um outro grupo. Os critérios segundo os quais é julgada esta experiência são variados. Os grupos sociais delimitam o campo da loucura de maneira distinta. A noção de loucura é diversificada e relativa, uma vez que cada grupo tem uma linguagem particular para defini-la. Segundo Joel Birman (1983) essas diversas linguagens sociais implicam também práticas sociais diversas.
A loucura ou insânia é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia.
Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.
Fonte de Pesquisa:
· GRAEFF. G. F. & BRANDÃO M. L., 1993. Neurologia das doenças mentais. São Paulo Lemos.
· BIRMAN, 1993. O lugar do psíquico na experiência da loucura. Ciência Hoje, 4 (20): 30 -36
· COSENZA, R.M., 1990. Fundamentos da neuroanatomia. Rio de Janeiro, Atheneu.
· KAPLAN E SADOCK, 1994. Compêndio de psiquiatria. Porto Alegre, Artes Médicas.
· FOUCAULT, Michel. A história da loucura na idade clássica. Perspectiva: São Paulo,1997.

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