Imagens: Manoel Freitas
Profissão, esperança: Arruda diz que sua candidatura incomoda muita gente e que será a grande surpresa destas eleições
Fui pego de surpresa, no meio da tarde do domingo (21), enquanto acompanhava uma cerimônia de casamento na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, aqui em Brasília, por um telefonema do advogado e ex-prefeito de Januária Maurílio Arruda (PTC). Surpresa dupla. Primeiro, porque Arruda cumpre prisão domiciliar, há pouco mais de um mês, e o julgava impedido de tocar a vida como o restante dos mortais. Segundo, pelo conteúdo da sua prosa, digamos, esperançosa e otimista ao extremo na possibilidade de provar inocência nas acusações que o levaram à prisão em duas ocasiões desde que deixou o cargo.
O ex-prefeito, que está em campanha para uma vaga de deputado estadual, diz que todos terão uma grande surpresa no dia 5 de outubro: ele será o majoritário em Januária [embora impedido de ir para o corpo a corpo com o eleitor]. Nos devaneios de Maurílio Arruda, seria essa a causa da sua prisão no final do mês de junho: a sua candidatura representaria ameaça contra interesses poderosos. Que interesses seriam esses? Muitos, inclusive a reeleição do deputado estadual Arlen Santiago (PTB) e até mesmo outra improvável motivação racista, porque há quem ainda não tolere o fato de um negro e pobre ter vencido na vida. “Minha candidatura incomodou muita gente”, sustenta.
E mais: Arruda está confiante que será eleito, a despeito de todas as evidências em contrário. Intrigado, pergunto como explicar a eleição de um candidato que tem a seu desfavor a básica restrição do ir e vir? A campanha tem sido tocada por amigos e correligionários, ele garante. Pode acontecer que o único surpreso após a abertura das urnas venha a ser mesmo o próprio Arruda, cujo otimismo deixa o interlocutor, no mínimo, desconfiado: o experiente advogado parece, por vezes, criar um escudo de fuga para a dura realidade que o cerca. Numa palavra: viaja na maionese. Cético por dever de ofício, é mister admitir que a crença inabalável de Arruda impressiona. Uma santa que traz no nome a esperança viria bem a calhar ao advogado.
O ex-prefeito, que está em campanha para uma vaga de deputado estadual, diz que todos terão uma grande surpresa no dia 5 de outubro: ele será o majoritário em Januária [embora impedido de ir para o corpo a corpo com o eleitor]. Nos devaneios de Maurílio Arruda, seria essa a causa da sua prisão no final do mês de junho: a sua candidatura representaria ameaça contra interesses poderosos. Que interesses seriam esses? Muitos, inclusive a reeleição do deputado estadual Arlen Santiago (PTB) e até mesmo outra improvável motivação racista, porque há quem ainda não tolere o fato de um negro e pobre ter vencido na vida. “Minha candidatura incomodou muita gente”, sustenta.
E mais: Arruda está confiante que será eleito, a despeito de todas as evidências em contrário. Intrigado, pergunto como explicar a eleição de um candidato que tem a seu desfavor a básica restrição do ir e vir? A campanha tem sido tocada por amigos e correligionários, ele garante. Pode acontecer que o único surpreso após a abertura das urnas venha a ser mesmo o próprio Arruda, cujo otimismo deixa o interlocutor, no mínimo, desconfiado: o experiente advogado parece, por vezes, criar um escudo de fuga para a dura realidade que o cerca. Numa palavra: viaja na maionese. Cético por dever de ofício, é mister admitir que a crença inabalável de Arruda impressiona. Uma santa que traz no nome a esperança viria bem a calhar ao advogado.
E o que pretendia Arruda com a ligação? Reivindicar o chamado ‘outro lado’ para matéria que publiquei aqui neste espaço no sábado, dando conta que sua situação ficou mais crítica após a delação premiada a que se prestou o empreiteiro Fábio Ferreira Durães, dono da A.F Construtora. Em depoimento ao Ministério Público, Fábio Durães contou que pagava propina a assessores da gestão do ex-prefeito de Januária, em especial para o ex-secretário de Educação Alexandre Sá Rego.
Arruda alega que Fábio Durães mudou a versão dos fatos no breve espaço de uma semana: em depoimento ao promotor Franklin Reginato Pereira Mendes, da Comarca de Januária, em 2 de setembro deste ano, Durães conta que jamais recebeu pagamento adiantado pelas obras de construção e reforma de escolas em Januária. E mais, deixou de executá-las por falta de pagamento. No espaço de uma semana, ele destituiu Júnio Pereira Lima e levou outra versão ao MP, desta vez sob o manto da delação premiada.
Mas o ex-prefeito segue confiante e nem mesmo esse segundo depoimento de Fábio Durães parece lhe tirar o sono. Ele alega que, se o dono da A.F Construtora pagou propinas a alguém, não tem como vincular o assunto ao seu nome. “O chefe do Executivo não estava lá”, ele diz. Pergunto então o porquê do ex-secretário de Educação e braço direito de Arruda na Prefeitura de Januária Alexandre Rêgo ter optado por se tornar um foragido da Polícia Federal ao invés de esclarecer o que realmente aconteceu? O ex-prefeito diz que não tem como julgar a atitude do ex-assessor, mas que provavelmente pode ter se assustado com a investigação. “Ou se acovardou”, ele diz.
Não sabia de nada?
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