Sem água suficiente para irrigar toda a produção, produtores abandonam áreas para garantir qualidade |
O resultado salta aos olhos, nas plantações abandonadas. “A produção caiu em média 20%”, estima o presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Jorge Luís de Souza. Segundo ele, os preços ainda não foram afetados, mas a qualidade da fruta sim. “Ainda não estamos em crise, mas a espada está apontada para a nossa cabeça”, diz Souza.
Sem ter água como antigamente, a saída para muitos produtores foi deixar de lado parte das lavouras. O produtor de banana Gustavo Lage, diretor da Banarica, em Nova Porteirinha, deixou de plantar 70 hectares (ha). Para cada ha plantado, o investimento é de R$ 25 mil. “Eu tinha 310 ha e reduzi para 240 ha. Estimo um prejuízo de aproximadamente R$ 900 mil. Sem falar no que deixei de ganhar, pois, cada ha produz em média 25 toneladas de banana. Cada ha daria cerca de mil caixas de banana por ano, ou seja, deixei de vender 70 mil caixas”, calcula Lage.
Ele investiu na perfuração de poços artesianos, como alternativa para salvar a qualidade das frutas e não perder mercado. “Num momento em que os produtores estão ganhando menos, ainda precisam investir mais”, afirma Lage.
Do lado da propriedade de Lage, a situação da fazenda Uvale foi ainda mais drástica. “Eram 388 ha e tivemos que abandonar 150 ha. E ainda tivemos que derrubar os pés, porque, se deixarmos, vira um laboratório para pragas”, conta o encarregado Laurimar Bento dos Santos. O dono da fazenda, Juarez Carlos de Oliveira, prefere nem contabilizar as perdas. “Se eu parar para fazer contas, eu desanimo”, lamenta. De 150 empregados, 30 foram demitidos.
O presidente da Associação dos Produtores Irrigantes da Margem Esquerda do Rio Gorutuba (Assieg), Oscar Magário, afirma que a quebradeira só não foi maior porque choveu em dezembro do ano passado. “Eu estou aqui ha 20 anos e ninguém nunca tinha visto uma seca como essa e ninguém sabia o que fazer. Então, juntamos os dois distritos, criamos uma comissão. Reduzimos a irrigação de seis dias para três dias e meio. A banana estava mal acostumada e tivemos uma perda de até 50%. Hoje, essa perda já foi reduzida para 35%”, conta.
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