quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vanderlan, o candidato da improbidade administrativa e das promessas não cumpridas

DIÁRIO DA MANHÃ
HELVÉCIO CARDOSO

Sabe o que realmente me irrita em certos candidatos? É achar que somos burros, nós, o povo. Falem o que quiserem, mas não zombem da nossa inteligência. Isso é intolerável.
Vanderlan Cardoso é um desses escarnecedores da inteligência alheia. Deve achar que os eleitores goianos não têm memória. Deve supor que o eleitor lá do norte, do nordeste ou do extremo sul não têm conhecimento do que foi a passagem dele pela prefeitura de Senador Canedo.
Sou tentado, às vezes, a crer que Vanderlan é uma entidade virtual. A gente o vê, mas ele não está lá. Talvez seja apenas um boneco de ventríloquo, controlado remotamente, a repetir as frases idiotas que seus marqueteiros inventam. Seus marqueteiros, não! Corrijo: seu marqueteiro, guia intelectual e mentor espiritual, o inesquecível Jorcelino Braga. Deste falarei depois.
Nos últimos tempos, Vanderlan tem acusado o governo de não ter cumprido promessas de campanha. Olha só quem diz? Ele, o que prometeu céus e terras para os canedenses e não cumpriu. As promessas de Vanderlan para Senador Canedo existem, foram publicadas e assinadas por ele. Ainda existem muitos exemplares deste material circulando por aí. Sempre há quem guarda essas coisas, para conferir e cobrar.
Vanderlan cumpriu dois mandatos de prefeito de Senador Canedo. Não mexeu um dedo para construir o Hospital de Urgências da cidade, que ele prometeu por escrito a fazer.
Em texto no qual colocou a sua assinatura, Vanderlan promete textualmente “construir, em parceria com o governo do Estado e o governo federal, o Hospital de Urgência e Emergência, para realizar os atendimentos hoje direcionados para outras localidades”. Em seguida, o então candidato vai ao delírio e promete serviços de alta e média complexidade.
Também prometeu fundar uma faculdade municipal, e a atrair faculdades particulares para Senador Canedo. É uma longa lista de promessas não cumpridas, sobre as quais nada fala. Por que não as cumpriu? Ele, certamente, com o auxílio luxuoso de Jorcelino, certamente teria boas desculpas para o descumprimento.
Vanderlan é um homem despreparado para governar o Estado. Nem tanto por faltar à palavra empenhada em matéria de promessas eleitorais. O seu despreparo está em fazer promessas mirabolantes que sabe não poder cumprir. Os recursos públicos são limitados, por mais que o gestor se empenhe em manter contas equilibradas e gastar parcimoniosamente. Já as necessidades são muitas e a cada momento aparece uma nova. Daí que a arte de bem governar consiste em eleger prioridades. Há coisas que precisam ser feitas aqui e agora; outras há que podem esperar. É o que a prudência e sapiência recomendam.
Evangélico, homem temente a Deus, Vanderlan poderia reler aquela passagem das Letras Sagradas em que o Todo Poderoso se dispõe a dar a Salomão o que ele pedisse. Salomão pediu uma única coisa: sabedoria. É o que Vanderlan também deveria solicitar ao Eterno.
A sabedoria leva o político a eleger prioridades que contemplem os interesses da maioria, o chamado bem comum. Por isso, um programa de governo não é a mera listagem de obras mirabolantes que, vai ver, nem necessárias são. É do debate aberto e franco com a população, com suas entidades representativas, que emerge a lista de reais prioridades. É o compromisso em atender a essas prioridades que constituem um programa de governo sério, exequível.
Mas candidatos existem que, por desconhecer o que seja de fato prioritário, se deixam deslumbrar pelas ideias delirantes de publicitários metidos a entender de política. Lembro-me que Mauro Miranda, em 2002, prometeu criar uma tal de Suat, que seria uma força especial para pegar bandidos façanhudos a unha. Delírio total. A coisa foi proposta de marqueteiro. Achou que, associando o nome da proposta a uma série de televisão, Swat, de grande sucesso à época, iria atrair votos dos eleitores aflitos em face da crescente violência urbana. É ou não é zombar da inteligência das pessoas. Mauro Miranda, que no fundo é um bom sujeito, foi um fiasco eleitoral. No segundo turno, Pedro Wilson desdenhou do seu apoio, tão irrelevante era.
O “plano de metas” de Vanderlan é mais uma dessas peças de fantasia produzidas nos gabinetes alienados dos marqueteiros. O troço é tão esquisito que nem sequer sabemos direito o que Vanderlan está propondo. A demagogia se sofistica nas mãos dos marqueteiros. O tal “plano” é apresentado como sendo uma intrincada manobra administrativa que soa muito mais como um catálogo de intenções do que um pano de metas propriamente dito. De boas intenções o inferno está cheio, não é mesmo?
Um bom programa – volto a repetir – consiste em eleger prioridades, indicar falhas, identificar soluções, propor alternativas ao que não está dando certo. Um bom programa pressupõe, então, uma crítica lúcida e racionalmente fundamentada – não confundir com insultos rasteiros aos adversários. Daí, cabe ao eleitor decidir por um ou por outro programa.
A atual oposição goiana é incapaz de fazer isso. Perdeu totalmente a lucidez. Seu único argumento – falso, saliente-se – é berrar que o “governo não faz nada”. Mais uma vez, as inteligências das pessoas vão sendo insultadas. A prova de que as abobrinhas de Vanderlan não sensibilizam a sociedade é que ele ostenta índices risíveis nas pesquisas de intenção de voto, ao passo que Marconi caminha em marcha batida para vencer no primeiro turno e tem seu governo cada vez mais bem avaliado.
Eu já disse antes, mas vou repetir de novo: o problema de Vanderlan e de Gomide é que aceitam sem o menor senso crítico a hegemonia de Iris no campo oposicionista. Se Gomide e Vanderlan tivessem uma visão estratégica da política goiana – coisa que marqueteiro não tem –, saberiam que para chegar ao primeiro turno e polarizar com Marconi, teriam que, antes de tudo, tirar o candidato peemedebista do caminho. Teriam que voltar suas baterias críticas contra os governos peemedebistas. E se posicionar perante o atual governo como alguém que pretende ir além do ponto onde ele chegou.
A submissão do candidato do Partido Socialista Burguês ao irismo é total. Na semana passada, Iris começou seu programa especulando torpemente sobre o já arquivado “Caso Cachoeira”. Um troço indecente, asqueroso, coisa de que se desespera ante a irreversibilidade do quadro de derrota. O trecho em questão não tinha assinatura, mas dava a impressão de ser coisa de Vanderlan. Não era. Era o velho Íris escondendo a mão para bater.
Vanderlan não poderia se omitir de forma tão pusilânime. Deveria ter cobrado energicamente uma satisfação de Íris. Ou será que endossou a maledicência irista? Aguardo resposta.
O fato é que quem não luta pela hegemonia não merece a supremacia. Quem se acomoda no papel de chefe de partido nanico, de mero coadjuvante no drama eleitoral, só terá do povo o mais profundo desprezo. Mas eu sei que a razão pela qual Gomide e Vanderlan não atacam Iris, se comportando como fiéis vassalos. É que eles acreditam ainda que haverá um segundo turno, quando então colocarão preço ao apoio que vão dar ao candidato do PMDB, preço que será pago em benesses fisiológicas para o PSB e para o PT.
Se uma dia o Criador der a Vanderlan a sabedoria pela qual Salomão rogou, ele vai perceber que subestimar a inteligência do eleitor é burrice e que se deixar guiar por marqueteiros é estupidez. Saberá que prometer o que não se pode cumprir é insultar a inteligência das pessoas. É como alguém que pinta cabelo para esconder os sinais do envelhecimento. Todo mundo percebe que o sujeito tem cabelo branco – porque o tinge de preto. Vanderlan ganharia a estima de todos se assumisse seus cabelos brancos.
Saberia, de resto, que mentir é pecado. Interpelado sobre processos a que responde, nos quais é acusado de improbidade administrativa como prefeito de Senador Canedo, respondeu com a cara mais limpa do mundo que os processos não existem. Os processos estão lá no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, e o site do TJ informa que aguardam o cumprimento de etapas processuais e o julgamento final. Em um deles, por doar irregularmente R$ 550 mil para um time de futebol, Vanderlan foi condenado em 1ª instância, mas, na entrevista à TV Anhanguera, o empresário mentiu de novo, dizendo que “ganhou” esse processo em todas as instâncias. Não ganhou. Foi condenado na 1ª instância, recorreu e está aguardando julgamento. Tanto o Ministério Público Estadual quanto a juíza que exarou a sentença de condenação consideraram que Vanderlan agiu de forma “imoral, ilegal e lesiva aos cofres do município de Senador Canedo”, ao doar os R$ 550 mil à Associação Canedense, um time de futebol do qual ele era presidente de honra e um secretário municipal o presidente de fato. Me pergunto se um gerente da Mico’s fizesse isso, usando dinheiro da Mico’s, o que Vanderlan diria. Acho que demitiria o funcionário por justa causa.
Vanderlan será derrotado em 5 de outubro por justa causa.
Vanderlan e Gomide aceitam sem o menor senso crítico a hegemonia de Iris no campo oposicionista
O “plano de metas” de Vanderlan é uma peça de fantasia produzida em gabinete de marqueteiro alienado
O candidato diz que “ganhou” um dos processos a que responde por improbidade
administrativa. Não ganhou
Helvécio Cardoso, jornalista.

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