Desvio no sistema Sest/Senat pode ter sido de R$ 70 milhões, diz polícia
Quatro pessoas haviam sido presas em operação das polícias do DF e MG.
Ex-senador Clésio Andrade é suspeito de ligação com fraude, diz delegado.
O suposto esquema de desvio de verbas do Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) investigado pelas polícias do Distrito Federal e de Minas Gerais pode ter movimentado até R$ 70 milhões, segundo o delegado-adjunto da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), Luiz Fernando Cocito, de Brasília. A verba é repassada pela União às entidades para a realização de cursos profissionalizantes.
“Entre 2011 e 2012, foram desviados aproximadamente R$ 20 milhões. Se voltarmos cinco anos, o rombo seria de aproximadamente R$ 70 milhões", afirmou. Os desvios se davam pela contratação de serviços de pequenas empresas por valores altos e pelo pagamento de gratificações elevadas a diretores das entidades. Um lava-jato, por exemplo, recebeu mais de R$ 2 milhões em um ano, de acordo com as investigações.
"Na verdade esses serviços não foram prestados. Um volume grande de recursos públicos se deu na contratação desses contribuintes individuais que pertenciam ao quadro dessas dirigentes [presas] ou de familiares", disse o delegado-chefe da Deco, Fábio Santos de Souza.
Também foi apurado que funcionárias do sistema Sest/Senat presas nesta sexta por suspeita de ligação com as fraudes movimentaram valores maiores do que os salários que recebiam – entre elas a ex-diretora executiva do Sest/Senat Maria Pantoja, uma das quatro pessoas presas nesta sexta-feira.
De acordo com a investigação, ela recebia R$ 26 mil por 22 horas semanais de trabalho no Sest e outros R$ 26 mil por 22 horas no Senat, mas movimentou R$ 1,5 milhão em um ano, quase duas vezes mais do que o total de rendimentos declarados por ela.
De acordo com a investigação, ela recebia R$ 26 mil por 22 horas semanais de trabalho no Sest e outros R$ 26 mil por 22 horas no Senat, mas movimentou R$ 1,5 milhão em um ano, quase duas vezes mais do que o total de rendimentos declarados por ela.
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Clésio Andrade
De acordo com a polícia, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG) é suspeito de comandar o esquema. O delegado Souza disse que já é possível afirmar que ele cometeu ao menos um crime – de falsidade ideológica. O ex-senador éprocurado para prestar depoimento. O G1tentou entrar em contato com os advogados do ex-parlamentar, mas nenhum representante dele foi encontrado durante a manhã.
"O ex-senador e ex-presidente da CNT Clésio Andrade é quem nomeia a direção. Nós temos hoje elementos que podem confirmar que esse ato normativo [que autorizava gratificações maiores que salários] foi fraudado, montado para justificar esses pagamentos. O simples fato dessa fraude o incrimina em um crime, que é falsidade ideológica”, afirmou o delegado Souza. "[A organização é] Comandada, ao que tudo indica, por um ex-senador da República", disse o delegado Cocito.
De acordo com a polícia, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG) é suspeito de comandar o esquema. O delegado Souza disse que já é possível afirmar que ele cometeu ao menos um crime – de falsidade ideológica. O ex-senador éprocurado para prestar depoimento. O G1tentou entrar em contato com os advogados do ex-parlamentar, mas nenhum representante dele foi encontrado durante a manhã.
"O ex-senador e ex-presidente da CNT Clésio Andrade é quem nomeia a direção. Nós temos hoje elementos que podem confirmar que esse ato normativo [que autorizava gratificações maiores que salários] foi fraudado, montado para justificar esses pagamentos. O simples fato dessa fraude o incrimina em um crime, que é falsidade ideológica”, afirmou o delegado Souza. "[A organização é] Comandada, ao que tudo indica, por um ex-senador da República", disse o delegado Cocito.
Souza afirmou ainda ser “prematuro” dizer que Clésio Andrade recebeu alguma quantia no suposto esquema. “Existe a suspeita da participação dele nesse esquema que está embasada nessa fraude documental. Há uma suspeita, uma probabilidade [de que ele tenha recebido dinheiro], pelo cargo que ele ocupava, de que elas [as pessoas presas] estariam ali a serviço dele.”
Clésio Andrade foi vice-governador de Minas entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato de Aécio Neves. O ex-parlamentar é réu no caso conhecido como mensalão tucano. Na ação penal, Clésio é acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, tentado ocultar recursos recebidos de Marcos Valério na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998 – Clésio Andrade era candidato a vice.
Bens apreendidos
Durante a entrevista coletiva na qual a Polícia Civil detalhava a operação realizada nesta sexta, o delegado Fábio Souza informou que os agentes encontraram R$ 180 mil em espécie na residência de um dos envolvidos no suposto esquema.
Além disso, um cofre também foi apreendido no local – até a publicação desta reportagem, a Polícia Civil ainda não havia concluído a contagem dos valores apreendidos. Souza disse ainda que outro cofre foi apreendido em outra residência.
Bens apreendidos
Durante a entrevista coletiva na qual a Polícia Civil detalhava a operação realizada nesta sexta, o delegado Fábio Souza informou que os agentes encontraram R$ 180 mil em espécie na residência de um dos envolvidos no suposto esquema.
Além disso, um cofre também foi apreendido no local – até a publicação desta reportagem, a Polícia Civil ainda não havia concluído a contagem dos valores apreendidos. Souza disse ainda que outro cofre foi apreendido em outra residência.
Com os suspeitos, a polícia apreendeu ainda 16 veículos. Os suspeitos viviam em casas de luxo em Brasília – o valor de uma delas foi estimado pela polícia em R$ 4 milhões (veja vídeo ao lado).
"Eles passaram a ostentar muito, e isso facilitou muito a nossa vida. Não se contentaram com uma única mansão, compraram duas, três. Não se contentaram com um carro de luxo, compraram quatro, cinco, seis. O patrimônio das quatro pessoas presas, somados, somam algo em torno de R$ 35 milhões", declarou Cocito.
"Eles passaram a ostentar muito, e isso facilitou muito a nossa vida. Não se contentaram com uma única mansão, compraram duas, três. Não se contentaram com um carro de luxo, compraram quatro, cinco, seis. O patrimônio das quatro pessoas presas, somados, somam algo em torno de R$ 35 milhões", declarou Cocito.
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