A morte do morador de rua João Leopoldo Ruas, deixou chocada a população do bairro São José, Região Central de Montes Claros (MG). O corpo de Leopoldo está no Instituto Médico Legal da cidade desde o fim de semana. O reconhecimento foi realizado pela família de Juvenal Caldeira, que reside na rua Ângelo de Quadros, onde João Leopoldo costumava ficar.
“Ele desapareceu daqui por muitos dias. A gente estava sempre procurando e não tínhamos notícias. Depois ficamos sabendo que ele estava lá. Minha filha foi lá com minha esposa e reconheceram ele pela roupa. O corpo estava em decomposição e a cabeça esmagada a parte superior”, afirma o aposentado.
Segundo Juvenal, a polícia informou que o corpo de Leopoldo foi encontrado em um lote no bairro Ibituruna. Moradores do bairro São José, não se conformam com a morte do morador de rua. “Ele era uma pessoa honestíssima. Enquanto pode trabalhar trabalhou, mas ele era muito nervoso poque era epilético. Era uma pessoa muito querida por uns e odiada por outros”, explica.
Leopoldo já havia sido vítima de agressões outras vezes e, segundo moradores do bairro São José, as agressões eram constantes. Em junho, o G1 Grande Minas mostrou uma caso em que o morador foi ferido na cabeça. “O agressor estava com um cigarro e chegou a queimar o rosto do João e bateu com uma pedra, causando os ferimentos”, disse uma moradora, que não quis se identificar na época.
Desde novembro 2012, moradores do bairro se mobilizaram em busca de melhorias para Leopoldo. Na época, eles fizeram um abaixo-assinado e entregaram a vários órgãos. “Foi entregue a todas autoridades competentes que lembramos na época”.
A mobilização não trouxe nenhuma resposta para o problema. Com a ajuda do defensor público, Reginaldo Rodrigues, mais um pedido foi entregue às autoridades. Mas, mais uma vez, não houve nenhuma resposta. Então, o defensor público encaminhou à Justiça um pedido de interdição, que autorizaria a internação do morador em um abrigo.
“Atendendo ao pedido, do senhor Juvenal e moradores vizinhos onde ele se encontrava em estado de abandono absoluto e sofrendo várias agressões físicas no dia a dia, pedi ao juiz da Vara da Família de Montes Claros que procedesse a interdição dele e autorização para seu internamento”, explica o defensor.
Há mais de dois meses o pedido do doutor Reginaldo foi arquivado. O juiz da Vara da Família teria informado que o defensor não tinha atribuição para aquele pedido. A Defensoria Pública foi informada, pouco tempo depois, que o Ministério Público entrou com um pedido semelhante na Justiça. “Quantas vezes tivermos pessoas nas ruas abandonadas, por drogas ou por serem portadoras de sofrimento mental, nós iremos comunicar à autoridades. Esse é nosso dever. Infelizmente não deu tempo”, afirma o defensor público.
Ninguém da Vara da Família foi encontrado para falar do assunto e o laudo da causa da morte de João Leopoldo ainda não foi encaminhado para a Polícia Civil.
Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, ele era acompanhado pelo serviço de assistência a moradores de rua, da Secretaria de Desenvolvimento Social do município. Ainda de acordo com a assessoria, João Leopoldo sofria de transtornos mentais e resistia aos tratamentos.
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