Uma iniciativa da Associação Médica Brasileira (AMB) está denunciando os absurdos que acontecem nos hospitais do país. Um site foi criado para receber depoimentos, vídeos e fotos dos pacientes. A página está no ar há 22 dias e já publicou mais de 1,2 mil denúncias, como falta de leitos, de remédios, maus tratos e demora no atendimento.
No Hospital Geral de Fortaleza, o teto cedeu no inicio da semana e a água jorrou na sala onde os pacientes aguardavam a transferência para a UTI. A água também alagou o quarto e o banheiro dos médicos do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal.
Os vídeos que registram essas situações foram colocados no sitewww.caixapretadasaude.org.br*, chamado de caixa-preta da saúde. Em um mapa do Brasil, cruzes representam as denúncias feitas por pacientes de todo o país.
Um desses pacientes diz que há oito meses espera atendimento na Unidade Regional de Saúde de Uberaba, Minas Gerais. Nos postos de saúde de Caçapava, no sul do Rio Grande do Sul, é preciso ficar oito horas na fila para marcar uma consulta.
As denúncias sobre os hospitais, públicos e particulares, são checadas pela própria Associação Médica Brasileira e, só depois, vão para a internet. A principal reclamação é a demora no atendimento. Os problemas com remédios (37%), leitos (31%) e materiais (27%) também estão entre as principais denúncias.
“Cabe aos gestores tentar sanar aquela dificuldade encontrada. Se a queixa for relevante, repetitiva ou de extrema importância caberá a Associação Médica Brasileira e suas sociedades encaminhar ao Ministério Público”, explica Antônio Jorge Salomão, primeiro-secretário da AMB.
O maior número de reclamações vem do estado de São Paulo. Um dos hospitais citados no site Caixa Preta da Saúde é do Campo Limpo, na capital paulista. Na terça-feira (1), o Bom Dia São Paulo denunciou as condições do pronto-socorro do hospital, onde os pacientes são atendidos em macas nos corredores.
Um paciente com câncer chegou a ficar 13 horas no corredor e agora está em uma enfermaria com homens e uma mulher. “Os homens urinam em vidros e essa moça está lá presenciando absolutamente tudo”, diz a irmã do paciente.
O secretário de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, reconheceu o problema e disse que nos próximos dias o hospital vai ganhar mais 41 leitos: “Serão 20 leitos adultos para homens e mulheres, dez para crianças, nove leitos de emergência e mais dois leitos especiais de isolamento”.
A AMB acredita que a exposição das denúncias obriga os gestores a resolver os problemas. “A caixa-preta é uma ferramenta online que dá chance ao povo de qualquer local do país, a qualquer hora, fazer sua denúncia. Tudo daquilo que ela encontrou de dificuldade para seu atendimento na saúde publica”, afirma Antônio Salomão.
O forro de gesso que caiu na sala onde estavam os pacientes no Hospital Geral de Fortaleza já foi consertado e a sala foi reformada. O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, também informou que o cano que estourou na sala dos médicos já está consertado.
A Secretaria de Saúde de Uberaba informou que está fazendo mutirões e parcerias com uma universidade para resolver os problemas na Unidade Regional de Saúde Doutor Lineu José Miziara.
A Prefeitura de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, disse que a partir do dia 29 de abril, o sistema de saúde será interligado e os agendamentos de consultas serão por telefone.
* Caso não consiga acessar o site, tente novamente mais tarde, pois a página pode estar congestionada.
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