Deivson é um dos investigados no caso de desvio
de recursos. (Foto: Reprodução/Polícia Federal)
O ex-presidente da Oscip Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), Deivson Oliveira Vidal, foi preso na manhã desta quinta-feira (11), em sua casa em Nova Lima, pela Polícia Federal(PF), por suspeita de fraude. A informação foi confirmada pelo advogado dele, Sérgio Leonardo. Vidal é um dos envolvidos na investigação que culminou na Operação Esopo.
A operação PF foi realizada em 9 de setembro do ano passado. Mais de 20 pessoas foram detidas no país, sendo 15 em Minas Gerais. Em cinco anos, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassou R$ 400 milhões, de acordo com as investigações. Segundo a Polícia Federal, o esquema crimonoso funcionava com a participação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e de empresas, pessoas físicas, agentes públicos, prefeituras, governos estaduais e ministérios do governo federal.
Na prisão desta quinta-feira (11), Deivson é suspeito de uma fraude, envolvendo um helicóptero que foi apreendido após a Operação Esopo e estava sob responsabilidade da Justiça. Segundo a Polícia Federal, além de Deivson Vidal, um médico e dois advogados são suspeitos de envolvimento no esquema que possibilitou o uso da aeronave. De acordo com a PF, ainda há a suspeita que Deivson pretendia deixar o país.
Operação Escape
A fraude envolvendo o helicóptero começou a ser investigada há cerca de dois meses e culminou na deflagração da Operação Escape na manhã desta quinta-feira (11). De acordo com o chefe da Delegacia de Combate de Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos, Mário Veloso, a Polícia Federal recebeu uma informação de que a aeronave não estava no hangar na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para onde foi levado depois de ser apreendido no ano passado.
Segundo a PF, Deivson Vidal havia comprado o helicóptero de um médico, morador da Zona Sul de Belo Horizonte, pelo valor de R$ 405 mil, mas havia pago apenas parte das cinco parcelas. Veloso afirmou que, agindo de má fé, o primeiro proprietário da aeronave entrou com uma ação na Justiça estadual. “O médico entrou com a ação na 16ª Vara Civil da Justiça, não informando para o juiz que esse helicóptero, pesava sobre ele um ônus de sequestro determinado pela Justiça Federal”, explicou.
De posse da decisão da Justiça, o médico conseguiu reaver o helicóptero, que era registrado em nome da empresa Newpar Participações Ltda., também pertencente a Deivson Vidal, conforme a polícia. As investigações apontam que, depois disso, a aeronave foi negociada mais três vezes. Atualmente, de acordo com o delegado, a polícia busca o paradeiro deste helicóptero, que estaria no estado de Mato Grosso, sendo utilizado para passeios, a cada meia hora, ao custo de R$ 50. "Há uma documentação da empresa responsável pela fabricação que a aeronavegabilidade dessa aeronave está comprometida, ou seja, ela não tem condições mecânicas de voar, causando para qualquer pessoa que esteja voando dentro dela", acrescentou.
Na manhã desta quinta-feira, a PF esteve na casa de Vidal, em um condomínio de luxo de Nova Lima, na Região Metropolitana, e na casa do médico, em um bairro nobre da capital, onde foram encontrados galões de combustível. Por causa do armazenamento irregular, que configura crime ambiental, o homem, contra o qual havia um mandado de condução coercitiva, foi preso em flagrante. Conforme Veloso, ele prestou depoimento, mas foi liberado depois de pagar fiança de R$ 100 mil.
Já o ex-presidente do IMDC foi preso preventivamente. Segundo as investigações, ele pretendia fugir para os Estados Unidos, onde moram alguns parentes. Na casa de Vidal, a polícia apreendeu cerca de R$ 12 mil em dinheiro, o passaporte e documentação que seria usada para tentar conseguir o Green Card, que garantiria a permanência em território americano.
Veloso informou que Vidal já havia obtido visto de turismo e de trabalho nos Estados Unidos. Diante dos indícios, conforme o delegado, o ex-presidente da Oscip alegou que pretendia passear. Segundo ele, um dos motivos para a fuga do país seria o fato de o investigado, que costumava esbanjar sua riqueza, estar em dificuldades financeiras.
Contra Deivson Vidal, a PF já instaurou 11 inquéritos, de acordo com o delegado. Pelos crimes apurados na Operação Escape, ele vai responder por fraude processual, estelionato, alienação fraudulenta, perigo para a vida de outrem e atentado contra a segurança de transporte aéreo. Somadas, as penas podem chegar a 19 anos. O médico também foi indiciado por esses crimes.
Outras pessoas também foram investigadas pela Operação Escape – dois advogados do médico e um dos empresários que compraram o helicóptero. Um dos defensores foi levado para a Polícia Federal para prestar depoimento e foi liberado; a outra advogada não foi encontrada. Eles devem responder por fraude processual. Segundo Veloso, o empresário é tratado, por ora, como vítima.
De acordo com o advogado Sérgio Leonardo, Vidal é inocente, e não usou a aeronave, que foi apreendida no ano passado. Segundo o defensor, o antigo dono do helicóptero pediu à Justiça reintegração de posse depois da apreensão, uma vez que Vidal não concluiu o pagamento da aeronave. O advogado ainda disse à reportagem do G1 que a prisão de seu cliente foi arbitrária e injusta. Vidal já prestou depoimento à Polícia Federal e seria encaminhado à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ainda nesta quinta-feira (11). A defesa do médico não foi localizada.
Deivson chegou a ficar preso por 19 dias, em setembro do ano passado e foi libertado por umhabeas corpus. Outras cinco pessoas relacionadas à oscip também foram presas à época, e soltas alguns dias depois. O instituto perdeu todos os contratos que possuia após as denúncias de 2013 e foi fechado. O advogado de Vidal disse que ele está trabalhando na iniciativa privada, mas não revelou detalhes.
De acordo com Mário Veloso, o principal inquérito da Operação Esopo deve ser encaminhado à Justiça nos próximos 30 dias. Ainda segundo ele, as atividades mantidas por Deivson Vidal durante o período de um ano entre as operações estão sendo investigadas, mas as informações são sigilosas.
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