*Pedro Ricardo
Respondendo a 30 processos apenas na Comarca de Montes Claros a Delegacia da Polícia Federal foi obrigada a recorrer à juíza, Arlete Aparecida da Silva Coura, da Vara Criminal de Pirapora, para que fosse decretada a prisão preventiva do até então “todo poderoso” ex-prefeito, Luiz Tadeu Leite. Em Montes Claros, perante a Justiça, a Polícia nunca teve êxito mas, numa só canetada, a juíza de Pirapora colocou atrás das grades os ex-prefeitos, “Warmilhões”, de Pirapora, e José Benedito, de Janaúba.
Desde a primeira vez que se elegeu prefeito em 1982, Tadeu Leite teve o nome envolvido em várias denúncias de desvio de recursos públicos. Porém, até então, jamais havia sido encurralado pela Justiça.
Depois de liderar o desastroso desgoverno finalizado em dezembro do ano passado, finalmente a Polícia Federal e o Ministério Público conseguiram “enquadrar” o ex-prefeito, em virtude dos muitos desmandos que comandou nas últimas décadas. Mesmo diante das evidências de corrupção, desvio de recursos, constituição de um time de vôlei com dinheiro público para embalar a campanha a deputado estadual do filho Tadeuzinho, o “todo poderoso” passou os últimos quatro anos incólume perante a Justiça.
Na verdade, ao ser eleito prefeito em 2008, Tadeu Leite teve a oportunidade de se redimir de vários erros cometidos no passado. Porém, trocou as mãos pelos pés e deu uma “banana” para o povão, principalmente o mais humilde. Quem já conhecia a velha demagogia e as mentiras propaladas caiu na enganação da regeneração do ex-prefeito por tolice. Outros aliados tinham o interesse único de se locupletarem às custas do dinheiro público, o que se tornou evidente visto que Montes Claros foi entregue a quatro anos de abandono e à corrupção desenfreada.
Há anos, nos quatro cantos da cidade, persiste a informação de que o ex-prefeito se tornou rico, proprietário de emissora de rádio e de vários apartamentos em Recife. Agora, por meio da Operação Violência Invisível a sociedade tomou conhecimento, através da Polícia Federal, que o ex-prefeito é proprietário de apartamento em Miami, nos Estados Unidos. Informação, no mínimo, surpreendente.
Em 1982 o ex-seminarista, ex-porteiro e ex-radialista se dizia humilde porque era oriundo do “oco do pau”. Poucas décadas depois se enriqueceu vendendo ilusões e enganações. Até desvio de dinheiro da merenda de estudantes de escolas municipais foi protagonizado no desgoverno recém concluído, conforme apurado pelo Ministério Público. Ou seja, Tadeu Leite traiu a sociedade como um todo e, principalmente o povão da periferia que, em peso, sempre o elegeu caindo na ilusão da lábia fácil e desmedida.
Apesar de tudo, com a farsa que lhe é peculiar e com o intuito de intimidar profissionais independentes, o ex-prefeito ainda tem coragem de processar jornalistas por injúria, calúnia e difamação fingindo não concordar com artigos que foram publicados em jornais denunciando suas falcatruas.
E agora, tido como foragido da Justiça, com o nome estampado no site da Interpol, desmascarado por notícias publicadas pela imprensa nacional, com os bens bloqueados e com pedido de extradição solicitado pela Polícia Federal, de que adiantou a fama e a perseguição do ex-prefeito aos adversários políticos ou não? Ele tem razão de processar algum cidadão por injúria, calúnia e difamação ou é a população que deveria processá-lo?
Eleito em 2008, o ex-prefeito teve a oportunidade de se redimir da má fama construída na vida pública. Porém, confirmou que é péssimo administrador e líder de um grupo político que só pensa em se enriquecer às custas do dinheiro do povo. Haja vista que, persistem na atual administração municipal, vários correligionários do outrora intocável. Todos mantêm as bocas nas tetas da magra e surrada “vaca” Prefeitura, pois só querem o poder pelo poder.
E o atual prefeito Ruy Muniz, que para conquistar o cargo se aliou ao que de pior existe na política montesclarense, agora paga a conta calado. E, além disso, no próximo ano será obrigado a trabalhar pela reeleição de Tadeuzinho, em troca do apoio recebido na última eleição. Se vai conseguir reeleger o “príncipe” e garantir vaga na Câmara dos Deputados para a esposa, Raquel Muniz, é outra história.
A Justiça tardou mas, no gigante Brasil que finalmente está acordando, parece que a indignação dos cidadãos de bem será levada em conta. A nova safra de promotores, juízes e policiais federais, descomprometidos com o coronelismo que ainda predomina sorrateiramente no Norte de Minas, está mostrando coragem e serviço. Os novatos estão servindo de exemplo para seus ex-professores de direito e, principalmente, para muitos velhos e viciados juízes.
* Jornalista e sociólogo
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