segunda-feira, 29 de julho de 2013

Análise aponta para relevância de saúde mental materna Pesquisa apresentada na Unesp estuda ansiedade, depressão e estresse de mães

São Paulo - A pesquisa 'Práticas parentais e indicadores de ansiedade, depressão e estresse maternos', de Sária Cristina Nogueira, parte do princípio que práticas parentais são comportamentos emitidos pelos pais, determinados por variáveis sociodemográficas e características maternas, para educar, socializar e controlar os comportamentos de seus filhos.
A literatura aponta para a existência de práticas parentais positivas e negativas que influenciam o desenvolvimento infantil desde os primeiros meses de vida. O presente estudo objetivou descrever, comparar e associar as práticas parentais de mães de bebês, os indicadores de saúde mental materna e variáveis sociodemográficas.
Os instrumentos utilizados para avaliação foram: Inventário de Estilos Parentais de Mães de Bebês (IEPMB), Inventário de Depressão Beck (BDI-II), Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL).
Participaram 100 mães de bebês com seis a 12 meses de idade que frequentavam um projeto de extensão cujo objetivo era monitorar o desenvolvimento de bebês até 12 meses. As mães que foram convidadas e que aceitaram participar deste estudo, responderam os instrumentos individualmente em horário previamente agendado, em uma sala de uma clínica escola de Psicologia.
Os resultados apontaram que mães de bebês apresentaram alta frequência da prática de Monitoria Positiva, mas, também alta frequência de Punição Inconsistente e Disciplina Relaxada. Mães com mais filhos apresentaram alta frequência de todas as práticas negativas avaliadas enquanto que mães de família nuclear apresentaram alta frequência de Negligência e mães com escolaridade mais baixa alta frequência de práticas negativas e baixa de Monitoria Positiva.
Considerando a presença de indicadores de saúde mental observou-se que mães com estresse e mães com Ansiedade-Traço em nível clínico utilizam mais as práticas de Punição Inconsistente quando comparadas às mães sem estresse e às mães com Ansiedade-Traço controlada. Além disso, verificou-se correlação entre nível de estresse materno e uso das práticas de Punição Inconsistente e Disciplina Relaxada, apontando que mães com níveis maiores de estresse utilizam-se mais dessas práticas.
Níveis clínicos para Ansiedade-Estado foram relacionados a usos mais frequente de Punição Inconsistente, enquanto que os níveis clínicos para Ansiedade-Traço foram correlacionados a maior frequência na utilização de práticas de Punição Inconsistente e Disciplina Relaxada.
Indicadores de Disforia/Depressão maternos foram correlacionados com uso mais frequente de Punição Inconsistente, Disciplina Relaxada e Negligência. Sobre a análise dos grupos contrastantes com e sem indicadores clínicos de saúde mental, os resultados apontaram que a presença de ansiedade, depressão e estresse tendem a influenciar as práticas parentais emitidas, especialmente a prática negativa de Punição Inconsistente.
Os dados apontam para a relevância de atenção à saúde mental materna bem como às práticas educativas parentais por elas utilizadas. Estudos que promovam o aumento da utilização de práticas parentais positivas e diminuição das negativas, considerando as variáveis emocionais maternas, podem auxiliar no desenvolvimento adequado dos filhos. Para isso são necessários estudos com populações maiores que referendem ou refutem os dados encontrados.
A orientadora da dissertação de mestrado, apresentada em junho, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem na Faculdade de Ciências da Unesp, Câmpus de Bauru, é Olga Maria Piazentin Rolim. Integraram a banca Sônia Regina Loureiro e Paula Inês da Cunha Gomide.

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