A ansiedade tem sido nossa aliada desde os primórdios do homem sobre a Terra. Trata-se de um mecanismo que desenvolvemos para lidar com situações adversas, como um alarme que o nosso cérebro dispara em situações de perigo e que promove certas alterações psíquicas e corporais: hipervigilância, taquicardia, tensão muscular. No passado, a ansiedade nos avisou do perigo dos predadores e nos ajudou a encontrar o fogo. Hoje, ela tanto nos ajuda a preparar-nos para uma prova da faculdade como a evitar caminhos inóspitos no retorno para casa depois da balada. Algumas pessoas, no entanto, não conseguem desligar esse alarme quando o perigo deixa de existir.
Quem sofre com o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) tem um alarme que tilinta constantemente frente a um perigo muito mais imaginário que real. É que no TAG costuma-se ter preocupações excessivas em diversos aspectos da vida: as finanças, as contas a pagar, a sua saúde e a dos familiares, a segurança dos entes queridos, etc. Os indivíduos com esse transtorno tendem a fazer projeções bastante catastróficas em relação ao futuro (uma eterna fonte de perigos à espreita). Crêem que serão demitidos, que serão abandonados pelos seus parceiros, que não terão dinheiro para pagar as contas ou quitar as prestações, que os filhos serão assaltados ou que vai acontecer algum acidente com eles ao pegar o carro para sair com os amigos. Enfim, pode-se dizer que uma desgraça está sempre iminente, que o porvir é como uma espada de Dâmocles afiada pairando sobre a sua cabeça.
Quando alguém está bastante preocupado com alguma coisa, é costume que se diga que isso está me tirando o sono, e o contrário, que isso não me tira o sono, para dizer que determinado tema não o preocupa. Pois é de se esperar que no TAG a insônia, especialmente a inicial (a pessoa demora muito para pegar no sono) seja um sintoma comum a todos os casos. Ao deitar-se na cama para dormir, o que vem à mente não é calmaria e a placidez do sono, mas os eventos transcorridos ao longo do dia que se acaba e as atribulações do dia que se avizinha.
As repercussões físicas e mentais desse transtorno também se assomam. Costuma-se sofrer com dores de cabeça, dores musculares, dificuldades de concentração, esquecimentos, etc. Nem preciso mencionar os consultórios de gastroenterologistas repletos de pacientes com gastrite ou úlcera nervosa.
Amiúde, é a insônia ou o mal-estar físico que leva a pessoa a procurar tratamento, sem se dar conta que sofre de um transtorno ansioso que pode ser tratado. É que a maior parte das pessoas com TAG convive com o excesso de ansiedade há tanto tempo que entende que a preocupação excessiva e a expectativa apreensiva do futuro é na verdade o seu jeito de ser, algo que nasceu consigo e que não pode ser mudado, apenas (se possível) tolerado.
Ah, se elas soubessem que há formas de se desligar esse alarme cerebral e como o tratamento (remédios e terapia) pode mudar a sua vida…
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