Um taxista, que prefere não ser identificado, reafirmou nesta segunda-feira (26) que reconhece o enteado de João Eloy, secretário de Estado da Segurança Pública de Sergipe, como sendo um dos criminosos que quis extorquir dinheiro dele durante uma tentativa de assalto na madrugada de domingo (25), na região da Passarela do Caranguejo na Orla da Atalaia em Aracaju.
“Ele abaixou o vidro e gritou: assalto, assalto! Dinheiro, dinheiro! Todo mundo ficou nervoso. Ele estava com uma arma e uma lanterna em direção aos nossos olhos para que a gente não reconhecesse eles. O criminoso pediu para passar o dinheiro, foi quando falei polícia e ele se assustou e foi embora”, relata o taxista que estava com quatro passageiros quando foi abordado pela dupla no bairro Coroa do Meio.
O enteado do secretário tem 21 anos e estava com um amigo na caminhonete de João Eloy. Durante a abordagem policial, feita após denúncia de supostas vítimas da dupla, foram encontradas três pistolas e um fuzil de uso restrito da polícia dentro do veículo.
“O carro é particular do secretário e não da Secretaria de Segurança Pública como disseram. As investigações vão ser feitas como a Polícia Civil sempre fez. Se for confirmado que eles pegaram o carro, que estavam armados, abordando e tentando assaltar ou extorquir quem quer que seja, eles serão investigados, indiciados e punidos”, afirma João Batista, secretário adjunto da SSP.
Entenda o caso
Na madrugada de domingo (25) os dois suspeitos foram encaminhados para a Delegacia Plantonista da capital, local onde o taxista também foi para registrar a ocorrência. Lá a suposta vítima reconheceu o enteado do secretário da SSP como um dos criminosos que tentou assaltá-lo. “Quando ele estava com a lanterna nos olhos do passageiro eu consegui olhar para ele, tanto que o reconheci na mesma hora”, revela o taxista.
Os rapazes foram liberados da delegacia horas depois de prestar esclarecimentos. Sobre a atuação do delegado Augusto César Mendes de Oliveira de não ter lavrado o flagrante, João Batista diz que essa foi uma decisão pessoal do plantonista. “O delegado fez a ouvida de todos, apreendeu as armas e o veículo e entendeu que não era o caso da lavratura do flagrante e sim da instauração de um inquérito policial”, destaca o secretário-adjunto.
"Fiquei surpreso com a liberação do suspeito. O reconhecimento aconteceu, mas mesmo assim ele foi solto ainda pela manhã de domingo", conta o taxista. Já o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Maurício Iunes, disse que não há pressão ou qualquer tipo de ingerência na investigação do caso.
“Para nós foi uma ocorrência como qualquer outra, inclusive a condução até a delegacia para que fossem cumpridas as medidas de praxe. Recebi a ligação do secretário na madrugada de domingo (25) dizendo para que fosse cumprida a lei independente de quem fosse e assim foi feito, tanto que não houve contato meu com os militares que estavam envolvidos na ocorrência. Eles levaram os suspeitos para a delegacia de forma muito natural. E digo mais, poucos teriam a coragem de dar essa determinação que João Eloy deu”, analisa.
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