JANAÚBA (por Oliveira Júnior) – A qualquer hora do dia, da noite e da madrugada de segunda-feira a segunda-feira, incluindo feriados, é notório verificar o constante deslocamento de ambulâncias do Samu e do Corpo de Bombeiros por esta e outras cidades da região da Serra Geral de Minas conduzindo pacientes enfermos e acidentados para as unidades hospitalares.
O Hospital Regional de Janaúba é o alvo principal da parada dessas ambulâncias e do acolhimento dos pacientes. A isso se junta o desespero dos familiares e amigos para que haja o devido e ágil atendimento médico com o intuito de garantir a vida ao paciente e que o mesmo seja poupado de sofrimento.
Mas, não é somente a dor que preocupa os pacientes e quem o acompanha ou indiretamente esteja envolvido na sua recuperação. O sistema hospitalar de Janaúba e da região da Serra Geral de Minas, para não dizer o país inteiro, não condiz com a necessidade urgente. Por mais que os governos (municipal, estadual e federal e a própria sociedade) invistam ainda está aquém do sistema hospitalar atingir os anseios da população.
Na noite dessa segunda-feira, dia 19 de maio, o site do jornalista Oliveira Júnior recebeu mensagem de um leitor o qual relata a peregrinação que o mesmo foi submetido para ser atendido no Hospital Regional de Janaúba após sofrer um acidente com motocicleta. Os ferimentos em decorrência desse acidente surgiram no início da tarde de ontem, dia 19. Ele foi para o pronto socorro. Entretanto, a assistência somente ocorreu no início da noite. Esse não foi o primeiro caso de demora. Há anos, inclusive nas administrações anteriores e apesar dos investimentos no hospital, a situação se assemelha. Fato desse tipo também foi registrado em Jaíba, no último final de semana.
De acordo com o radialista Júnior Oliveira, da rádio Liberdade FM de Jaíba, no domingo, dia 18 de maio, dois pacientes encontraram dificuldades para ser atendidos no hospital de Jaíba após os mesmos sofrerem acidente de motocicleta no município de Jaíba. Por horas, uma mulher e um rapaz esperaram pela assistência, inclusive com ferimentos pelo corpo expostos. Indignados e com apoio de amigos, o rapaz e a mulher vieram de táxi para o Hospital Regional de Janaúba em busca de atendimento médico hospitalar. Isso também é uma cena quase que rotineira...pacientes de municípios da região da Serra Geral de Minas e até de outras regiões, inclusive do estado da Bahia, são encaminhados para o Hospital Regional de Janaúba, que há menos de 5 anos passou a ser uma fundação com controle da prefeitura de Janaúba.
Na atual e na administração anterior, o prefeito janaubense (hoje, Yuji Yamada, e antes José Benedito Nunes Neto) queixa que o orçamento da prefeitura de Janaúba não suporta manter o Hospital Regional de Janaúba se não tiver apoio de prefeituras da região que encaminham quase que a totalidade dos pacientes para serem atendidos e internados na unidade janaubense que, apesar da nomenclatura regional, é mantido de maneira municipal.
Isso sem considerar que o Hospital Regional de Janaúba opera com um déficit mensal que gira em torno de R$ 100 mil, fato também verificado há mais de quatro anos. E a situação não é boa. Pelo menos é a conclusão de reunião ocorrida na semana passada com representantes do Ministério Público Estadual e da área de saúde regional, principalmente com gestores dos hospitais de Janaúba e de Monte Azul, que são polos microrregionais na área hospitalar na Serra Geral de Minas.
O Hospital Regional de Janaúba começou a ser construído no início dos anos 90, durante a administração do prefeito Aldimar Dimas Rodrigues (1989 a 92). Ficou parado nos dois governos seguintes, tendo a construtora decretado falência, e foi ocupado parcialmente na gestão do prefeito Ivonei Abade Brito (2001 a 2008) que, inicialmente, retirou o pronto socorro do Hospital da Fundajan, entidade filantrópica. Na medida do possível o espaço físico do Regional foi sendo ocupado o que ainda acontece. Na administração do prefeito José Benedito Nunes Neto (2009 a 2012) foi instituída a Fundação Hospitalar de Janaúba, entidade mantenedora do Hospitalar Regional de Janaúba.
O governo de Nunes Neto propagou que após a criação da fundação é que o Regional passou a ser de fato um hospital com identidade própria. Porém, quase cinco anos depois desse ato surge um impasse: a legislação referente à instituição da Fundação Hospitalar menciona que a mesma é uma entidade pública privada o que tem sido questionada pelo Ministério Público, pelo legislativo local e por representantes de segmentos sociais ligados à área de saúde e talvez isso seja um dos empecilhos para a obtenção de recursos para o Hospital Regional.
Diante dessa situação de transtornos que também é convivida, em proporções menores, em outros municípios da região, resta à comunidade reivindicar junto aos governos uma maior atenção com o sistema hospitalar da região de Janaúba e que haja um maior número de oferta de vagas nos cursos universitários na área de Saúde, principalmente Medicina, pelas faculdades públicas, caso da Unimontes e da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) que recebeu autorização do governo federal para a implantação de 60 vagas no curso de Medicina no campus de Teófilo Otoni.
Nesse caso, poderia ocorrer um entendimento para que a metade ou então 20 vagas de Medicina do campus de Teófilo Otoni sejam destinadas para o campus de Janaúba da UFVJM ou então que crie e instale o mais breve possível o curso de Medicina no campus de Janaúba, já que as unidades hospitalares desta cidade têm sido utilizadas para os estágios dos estudantes de Medicina das faculdades pública e particulares de Montes Claros.
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